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Ontem era dia de tempestade "Ana". O alerta tinha sido dado e os avisos mais que distribuídos. O Norte estava em alerta com aviso vermelho, devido principalmente ao vento forte. Seria então um típico domingo morrinhento dentro de portas. Como sabem, moro ali um bocadinho abaixo do Pólo Norte, numa terra que tem o vento como nome do meio, mas... aquilo que vi e ouvi ontem ultrapassou tudo aquilo que me lembro de até à data ter ouvido. Mesmo ali naquele pedaço de terra que já se vai habituando em ser conhecido como a terra do vento.
Durante a tarde tive uma única fuga de casa, para ir dar colinho à afilhada mai'nova, que mora tão longe como a casa ao lado e já aí o vento estava forte, o que me fez quase cair pelas escadas abaixo e como era impossível abrir um guarda-chuva foi correr o mais que pude e nem assim evitar ficar toda encharcada.
A coisa tendeu a piorar, aliás como era o alerta - entre as 20 e as 2 horas da manhã de hoje.
Tinha-se combinado ver o jogo do [meu] FCP juntos, mas foi abortada a saída de casa visto que o tempo não estava propício e muito menos convidava. Já depois do Porto marcar os 2 ou 3 primeiros golos tudo começou a intensificar-se.
O barulho cá fora assustador. Cada vez mais. Parecia que as persianas estavam a tentar ser arrancadas. Ouviam-se barulhos estranhos no exterior da casa, mas fora de questão ir espreitar. Aquilo assobiava por todos os cantos. E eu enrolada na mantinha só pedia para que aquilo passasse rápido. A chuva até não era muita, mas o vento. Minha nossa o vento era claramente sentido. Até que por uns segundos - gigantes - aquilo estremeceu tudo. Barulhos muito fortes e a luz foi abaixo. Ficou-se ali às escuras a ouvir-se o tumulto que se passava cá fora.
De repente acalmou.
Um silêncio assustador. Depois daquela rebeldia toda. Continuou-se sem luz.
Abri uma das janelas e espreitei cá fora. Consegui ver que a rua estava cheia de restos de uma placa de pladur. Não quis ver mais. Estava frio. Fechei a janela, ainda sem luz e deitei-me.
Eu, que tenho insónias e que para dormir é os cabos dos trabalhos passei quase a noite em claro. Sempre em alerta quando começava a soprar um pouco mais. Depois foi a chuva.
A luz voltou. Liguei-me à internet e vi as ultimas actualizações. Infelizmente muitas ocorrências. Só queria dormir e que tudo já tivesse passado.
Acordei ainda escuro e esperei que se fizesse luz. Abri a janela:
Está frio. Nevou na serra e começa a sentir-se o gelo. A chuva continua. Não usei a estrada habitual para o trabalho porque nestas alturas fica bastante perigosa - nem imagino como esteja. Vim por uma alternativa. Mesmo assim, vi árvores caídas. Acidentes. Condutores com condução irresponsável face ao estado das vias. Bastante sujas. Muitas folhas. Ramos de árvores. Terra. Escoamentos entupidos. Lençóis de água. Placas destruídas. Outdoors arrancados. Estruturas feitas num oito.
Cheguei ao trabalho bem depois da hora de entrada mas bem. Todo o cuidado a conduzir é pouco.
Já no trabalho, a chuva intensificou-se e houve um trovão que iluminou todo o escritório.
Eu disse. O inverno quando viesse ia trazer tudo aquilo que tem atrasado em chegar.
Que se fechem as portas da serra que está a ficar um grizo mais ou menos e é esperar que não hajam muitos mais estragos.
E coragem Maria! Coragem! Tu sabes, a vida não é fácil para quem mora ali um bocadinho abaixo do Pólo Norte.
Humanamente é impossível acreditar que haja um juiz que deixe em liberdade alguém que foi detido por fogo posto. Não consigo perceber as leis tantas e tantas vezes. Não consigo perceber que haja uma lei para isto e para aquilo e que depois alguém que por vontade própria pega fogo a um local não seja detido e fique preso. Será que é preciso haver a morte de uma pessoa para isso acontecer?
Mas quem o faz mata muita coisa, mesmo quando fisicamente alguém não morre. Mata sonhos. Sonhos de quem construiu o que é seu e em minutos fica sem nada. Mata animais que tantas vezes andam nos montes. Mata de sofrimento quem vê o fogo chegar perto das suas casas. Destrói vidas quando se lhes tira tudo, mesmo que seja só queimando aquele pedaço de terra que têm. Mata de dor quem é afectado. Põe vidas em risco. Suga as forças a bombeiros, e a quem prontamente se esforça para ajudar. Humanamente é-me impossível acreditar, que alguém que sinta "prazer" em ver arder o que dos outros é, tenha a sorte de o deixarem cá para lhe tornarem a dar a hipótese de voltar ao mesmo. Um incendiário será sempre um incendiário. Um criminoso. Alguém sem alma num corpo desprovido de valores. De sentido. De vida. Há-de ser alguém muito triste na vida.
Depois tem a seu favor as condições. O calor e o vento.
Quem por aqui me lê algum tempo, sabe que eu moro na terra do vento. Que dá lugar a mil e duas peripécias. Mas ultimamente dá medo. Durante a noite parece querer levar tudo. E leva. Leva o fogo como aliado e o medo das pessoas como faísca. Tudo arde. Passamos dias sem ver o sol devido ao fumo denso no ar. Tudo à volta está em chamas, ou já está negro do que se passou. Em minutos, passa estradas, campos, casas, freguesias. Em minutos muda direcções e chega a criar o perigo de se ficar encurralado. Estes últimos dias, as pessoas vivem com o coração nas mãos. A dar tudo pelo tudo que têm. Incluindo a vida. Enquanto há alguém que com essas mãos sujas dá para tirar o que do outros é. Como pode um ser vivo destes ter a possibilidade de poder estar em liberdade para ver o rasto de destruição que deixou?
A todos aqueles que têm vivido momentos de aflição. A todos aqueles que prontamente têm ajudado. A todos os bombeiros, soldados da paz que muitas vezes são tão criticados e que eu sinceramente acredito que dêem tudo por tudo enquanto que as forças lhe vão restando. A todos aqueles que, tal como aconteceu a família minha, tenham abandonado as suas casas e fugido para que a sua vida não fosse consumida pela estupidez de um ser. A todos aqueles que perderam o que quer que seja ou mesmo alguém. Muita força. Coragem.
Humanamente é impossível acreditar que a um delinquente desses lhes nasça um pinheiro atravessado no sítio que todos nós sabemos, ou que arda no inferno. Mas há coisas humanamente impossíveis que acontecem e tão só por isso tenho fé.
É humanamente impossível uma pessoa não se revoltar perante os cenários a que temos assistido.
Se não tivesse acordado às cinco da manhã com um temporal a querer levar-me a janela do quarto e tivesse estado ali a olhar para o teto durante uma hora sem conseguir pregar olho a ouvir o vendaval que ia cá fora, sim poderia ser um bom dia. Assim sendo, estou aqui com ar de zombie, com olhos meios atrofiados, com uma perna a pedir licença à outra para dar dois passos e com uma vontade enorme de me esticar aqui ao comprido. E olhar lá para fora nem por isso anima.
S.Pedro de tpm é pior que mulher.
Porque vocês sabem, eu moro ali um bocadinho abaixo do Pólo Norte, lembram-se das minhas peripécias com o vento lá da terrinha? Voltaram. Na melhor maneira de começar o dia. Hoje voltou a baixar a cigana que há em mim e mesmo com o vento que se fazia sentir lá na terrinha (e dentro de casa estava longe de imaginar a brutalidade do mesmo) arrisquei de pôr um pé fora de casa com a saia comprida. Pois bem, o primeiro passo fora de porta foi mau, mas não tão mau como o descer as escadas. Com as mãos ocupadas com a mala, uma capa e o telemóvel na mão, a saia começa a ganhar vida própria até que me deixa de rabo ao leu. Corri o mais que pude com ela meia apanhada meia por apanhar para dentro do carro com o cabelo a cobrir-me a cara sem hipótese de dar fé que alguém me tivesse visto naquelas figuras a não ser a minha mãe que se desfazia a rir às minhas custas. Estava eu a ajeitar-me dentro do carro e passa o meu ex-sogro a pé com um sorriso de orelha a orelha enquanto levantava a mão e me soletrava B-O-M D-I-A. Foi nesse mesmo instante que me caiu a ficha e percebi que não foi só a minha mãe que deu conta do vento me ter tentado tirar a saia.
Shame on me.
Tenho um feeling para acertar na roupa a vestir consoante o tempo que até dá dó. Se trago botas está um calor do catano se trago sapatos na certezinha além do frio chove. Se trago calças faz um sol fantástico para trazer saia e quando trago saia a coisa fica tão escura que só não mudo porque já não vou a tempo. S. Pedro brinca comigo é o que é. Vocês sabem que se há coisa que eu tenho é peripécias com o vento que faz lá na terrinha, assim como (à pala da minha fraca pontaria) na terrinha onde trabalho. Ele começa de noite e passa-se a noite a acordar com tudo o que ele leva pelo ar que faz barulho, esta noite pensei de certezinha de manhã quando for para sair o meu carro não vai ter vidros, errei mas com certeza por pouco. E vou a conduzir com aquilo a abanar por todos os lados e atenção o meu carro não é assim tão leve e é aqui que tenho noção porque ninguém lá opta por Smarts aquilo era pandeireta nas mãos do vento.
Lembrei-me de vestir saia, logo que não fosse de roda tudo bem senão voava literalmente ao pôr o primeiro pé fora de casa, esqueci-me é que o casaco sofreu efeito capa de Super-Homem. Sim podem imaginar o filme que foi entre sair de casa e conseguir chegar ao carro com mala, saco e afins, um casaco a servir de capa voadora e um ventinho que faz dançar as árvores assim. Ainda me dói as queixadas de tanto me rir.
Hoje ele fez saltar uma persiana lá de casa e só não partiu os vidros da porta quando a abri porque fui junta e imagino que o meu corpo serviu de amortecedor. Acreditem, isto aqui é outro mundo, como sempre disse ali mesmo abaixo do Pólo Norte!
Não é novidade para ninguém que moro ali abaixo do Pólo Norte e o que não me faltam é peripécias com o vento. Agora imaginem eu por o pé lá fora. Sim isto está com tendência a piorar visto que a chuva começa a dar sinais de vida.
Mas não há vontadinha vá! A verdade é que já passei muitas peripécias por causa do vento que faz de quando em vez lá na terrinha. Ninguém imagina. Mas já não é a primeira vez que relato aqui peripécias que me acontecem devido a esse fenómeno. Uma pessoa vai aprendendo. Hoje depois de uma fantástica noite do mesmo em que o barulho foi assustador, parece que andava tudo a voar cá fora e em que pensei que podia mesmo ter que pôr uns pregos na casa, já sei que o melhor era não sair de casa de vestido, apanhar o cabelo para estes dias é uma óptima solução, não trazer nada na mão tipo papelada é essencial e enfiar-me no carro o mais rápido possível é crucial senão (e porque há sempre um senão) acontece como aqui há menina que não sabia se segurava na mala ou na écharpe, que por sorte não caí do salto, sim porque tivesse eu uns quilinhos a menos voava certezinha absoluta, cada passo contra o vento é qualquer coisa como subir uma montanha a pique mas de saltos de 10cm! e que fiz uma figura para abrir a porta do carro. Os vasos lá de casa estavam todos tombados e as bases puff desapareceram. Não apanhei um único caixote do lixo de pé, passar debaixo do arvoredo foi pavoroso e a estrada mais parecia uma pista de test drive cheia de obstáculos. Isto realmente deve ficar ali entre o cu de Judas e a montanha de Maomé!
Na minha hora de almoço, fui ao médico de família. Comigo levava uma série de exames de rotina para serem vistos pelo dito cujo. Hoje aqui na terrinha está mais um daqueles dias de vento fantástico que me causam sempre imensas peripécias. Saio do carro com os exames todos na mão e qual não é a minha luta, quando o forte vento quase me leva um deles, a minha figura para o agarrar foi tremendamente irrisória. Isto porque estava gente a passar e o exame que se queria escapulir era uma eco aos meus peitos, olhem lá o meu pensamento "deixa-me apanhar esta merda antes que fiquem as minhas mamas escarrapachadas na cara aí de alguém!". Escusado será dizer o quanto me ri imaginando a cena.
Na terrinha venta como tudo. Saio do carro, dá uma rajada de vento tão forte e o meu gorro ia escapulir-se, pois, não fosse eu ter a brilhante ideia de o agarrar. Para isso larguei o vestido. Em vez de ficar com os cabelos ao vento, fiquei com o rabo.**
(pouco depois em casa chega a mãe)
mami - (a rir) apanhei o nosso vizinho com a boca na botija!
eu - hein? O que se passou?
- Pois não deves ter reparado. Agora quando vinha para cima apanhei-o.
- Não estou a perceber!
- (ainda a rir) Estava a chegar e vi-o escostado à parede a olhar para nossa casa, e olhei para ver que se passava e foi quando tu ias no cimo das escadas, a entrar em casa.
- Eu não o vi!
- Ele tava a ver-te de certeza.
- Oh pára lá com isso.
- Sério, tudo porque ele quando me viu nem sabia onde se enfiar!
Ups! disse cá para mim percebendo que talvez no momento parvo ele estivesse a olhar**Para minimizar o estrago importa dizer que estou com meia opaca. :s401 seguidores
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