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SorrisoIncógnito

Todo o sorriso é apaixonante devido ao incógnito que o ofusca! SORRIR_um estado de espírito...

29
Dez23

Do sermos Amor!

Maria

Anteriormente partilhei este post e não pude deixar de me lembrar dele ontem.

Também partilhei algures que escrevi este post num banco de um jardim de um lar enquanto esperava para fazer a visita marcada a um familiar.

IMG_20220416_113415_837.jpg

 

"Há um tempo na busca incansável por coisas que nos dão prazer mas não nos ensinam a amar.

Não nos acrescentam enquanto pessoas e ser humano que se permita ser ensinado a amar. A ele mesmo. E ao próximo.

É preciso admitir que criamos capas quando as criámos.

Que somos mais que muros, quando o somos.

Que somos sensíveis mesmo com sangue quente e pimenta no nariz quando somos exactamente isso.

Ela é pouco de coisas. É mais de palavras. Não é materialista.

Ela é a que busca constantemente abraços sorrisos e amor para ser mais e melhor.

No que [realmente] vale a pena. ❤"

 

Ontem voltei lá para mais uma visita. E voltei a sentir aquele murro no estômago.  Sinto sempre. E acho sempre que mais deveriam ir para sentir o que ali se sente. Não pelo murro no estômago, mas para termos uma visão ainda que ténue do que ali se passa. Sem pôr em causa como são tratados por quem ali cuida deles.

Muito tristemente de todas as visitas que faço tiro sempre a mesma conclusão nunca vejo visitas de pessoal novo e isso deixa-me triste. Ainda ontem que lá passei boa parte da tarde, não vi um único jovem, adulto da minha idade mais ou menos a lá entrar. E com certeza de tanta gente que lá está terão familiares novos... mas... isso deixa ter um pouco de noção de que o mundo amanhã será ainda mais triste. Pobre em humanidade. Eles não querem ir, os pais não lhes dizem para ir, não se vai. E depois aquilo é só velhos vão lá fazer o quê?! Pode calhar de nunca ter encontrado mas não me parece que as pessoas gostem de ir visitar lares. E às  vezes não é só por termos familiares amigos ou conhecidos. Mas há idosos que estão para lá e atenção falo até de um lar privado que não é qualquer um que tem possibilidades de ali estar... mas vejo sempre muita solidão. Ouço histórias. Vejo falta de atenção. E não tem como sair de lá cuticado.

20231229_155421.jpg

[quadro que estava numa das salas do lar]

As pessoas perdem tempo com frustrações de caca a destilar ódio e podiam canalizar essas energias para fazer o bem e ser empáticos, com certeza cresciam muito mais como pessoas.

Nós, amanhã, seremos os velhos mais tristes de toda a história,  porque cada vez mais o idoso é descartado porque não temos tempo. Porque são chatos. Porque repetem sempre a mesma coisa. Porque ninguém está para aguentar aquela boca aberta e aquele olhar no vazio. Temos mais que fazer.

09
Mar23

Este país não é para velhos - o tanas!

Maria

Este país não é para velhos

 

Volta e meia, infelizmente, estas notícias sobre os maus tratos a idosos, principalmente em lares entram-nos pela "porta adentro" e dão-nos uma chapada da realidade por este país fora à qual, muitas vezes temos os olhos com "óculos de sol" que nos protegem de tamanhas barbaridades que acontecem dentro de paredes. Umas vezes na casa ao lado, numa família que não respeita o mais velho, o idoso que muitas vezes precisa de cuidados especiais, outras vezes, dentro de quatro paredes onde alguém confiou deixar um idoso à mercê de indivíduos que valem pouco.

Nós sabemos, todos, que os lares escondem muita coisa, principalmente lares ilegais, que pessoas recorrem por talvez os valores dos lares legais não serem para o bolso de qualquer idoso ou família neste país. No entanto, quero sempre acreditar que se vai em busca de algo com condições para "os nossos". E vejamos, se até nos lares legais há tanta coisa má...

Dentro das famílias já temos assistido também infelizmente a notícias de maus tratos, logo não fico assim tão espantada quando vêm de lares. Eu sei que à partida quem tem, quem gere e quem trabalha num lugar destes tem que estar apto para o fazer e ter acima de tudo respeito por quem ali vai encontrar.

É difícil aceitar que alguém compactue com estes maus tratos. Sejam com a falta de higiene, de coisas básicas, com a falta de comida ou com a violência verbal ou física.

Eu tenho uma ligação muito grande com a minha família. Sou muito família. E tenho familiares em lares. Que pagam um balúrdio para lá estar e que jamais pus a hipótese de não terem qualidade de vida lá. Mas convém sempre estar de olho. Perguntar sempre. Visitar. Sim visitar o lar, as pessoas não vão lá parar e depois deixam-nas lá sem qualquer visita, não deveria acontecer.

São assuntos delicados, mas que para quem tem respeito pelos mais velhos custa a entender.

Hoje em dia nada é fácil, parece que andamos sempre a mil à hora ainda que no mesmo sitio sem tempo para nada e para tudo o que só nos interessa. Sem paciência. E cada vez mais, os mais novos, talvez percam esse sentido de família e respeito pelos velhos deste país.

Nós lá chegaremosE eles. E sinceramente acho que seremos pessoas mais solitárias que os velhos do nosso país neste momento, porque infelizmente cada vez mais eles são descartáveis porque o ser humano está mais egoísta e só pensa naquele que se move à volta do seu umbigo... um dia vai sentir-se na pele o que é ser-se velho e os olhares de "empata" que certas pessoas mandam.

Hoje ama-se menos, com menos respeito, com mais inseguranças e com menos valores. Com muitas expectativas em pouco empenho. Numa experiência que é viver muito o hoje, em que não se investe, não se trabalha no outro, em que o desistir é mais fácil.

Sejamos mais empáticos com essa luta que é geral aos nossos idosos - a incerteza do amanhã, a conquista de um lugar bonito na vida de outros, o carinho, agradecimento e compreensão.

Este país é deles, antes de ser nosso.

Podem sempre acompanhar todas as novidades pelo Facebook. Ou pelo Instagram - @sorrisoincognito 》

▪Texto em destaque na página do @SAPO

17
Set20

Este país não é para velhos - o tanas!

Maria

[imagem retirada da internet]

Eu tenho uma ligação muito grande com a minha família. Sou muito família. Os meus são[-me] tudo e não é cliché.

Cheguei a não perceber porque as famílias não se dão. Porque não se falam. Porque embirram. Porque não convivem. Não é que agora não perceba. Mas o sangue não é tudo, assim como o amor. Tive que entender que podemos ter o mesmo sangue a correr nas veias mas somos pessoas diferentes, pensamos diferente, queremos diferente e deixamos muitas vezes as divergências quebrarem a ligação... outras vezes são após terceiros aparecerem que as ligações se fragilizam.

Mas no meio disto tudo, não sei se pelos valores que me passaram, se pelos ensinamentos que tive, se por infelizmente só ter conhecido uma avó e sentir que me faltou conhecer os outros... no meio disto tudo eu prezo muito a família. Os momentos em família. As conversas, as partilhas, as experiências que nunca vamos ter na vida. Os conhecimentos, as lendas, o antigamente...

Quando olho para o lado, talvez para outros com a minha idade, ou mais novos, não vejo isso. Não levam a família assim "tão a sério" e as ligações perdem-se... principalmente com os mais velhos.

Não sei se o facto de estar solteira influenciou, mas acho mesmo que não, sempre fui família e prezei muito as ligações familiares, mesmo quando estou acompanhada.

Gosto imenso de quando se juntam e não me importa de ouvir contar certas histórias repetidamente. A velhice traz isso, do esquecer o que já se disse, do querer partilhar o que marcou, do querer lembrar o que já lá vai há muito. Nós lá chegaremos. E sinceramente acho que seremos pessoas mais solitárias que os velhos do nosso país neste momento, porque infelizmente cada vez mais eles são descartáveis porque o ser humano está mais egoísta e só pensa naquele que se move à volta do seu umbigo... um dia vai sentir-se na pele o que é ser-se velho e os olhares de "empata" que certas pessoas mandam.

Um dia destes, em família, ouvia uma história de há mais de uns cinquenta anos, de uma história de amor que não acabou, mas que passou para outro plano visto que infelizmente uma das pessoas já faleceu e perdi-me enquanto a ouvia...

Hoje ama-se menos, com menos respeito, com mais inseguranças e com menos valores. Com muitas expectativas em pouco empenho. Numa experiência que é viver muito o hoje, em que não se investe, não se trabalha no outro, em que o desistir é mais fácil.

Eu visito muito os meus tios e não visito mais a minha família porque a vida é assim... mas enriquece-me o tempo com eles. Gosto imenso de os fazer sorrir. De ser a palhaça com eles como sou com a minha afilhada de três anos. De lhes dar a minha companhia, de os abraçar (e como agora sinto essa falta) de os ver em pleno quando reunidos.Gosto muito da família que me calhou. E quando eles me agradecem por aparecer, sou eu que fico agradecida por ainda os ter e por os ver numa luta que é geral aos nossos idosos - a incerteza do amanhã, a conquista de um lugar bonito na vida de outros, o carinho, agradecimento e compreensão.

Este país é deles, antes de ser nosso.

17
Dez19

Desafio de escrita dos pássaros #14

Maria

» Não nasci para isto «

desafio passaros.JPG

 

Manuela está outra vez a ter um surto psicótico. E é mesmo como o Doutor diz. Contado ninguém acredita, só mesmo quem passa por elas sabe o quanto isto é difícil de lidar.

A carta para entregar nas urgências de psiquiatria era explícita "está com uma crise de surtos psicóticos e tem que ser analisada pela especialidade".

Foram horas de espera numa ala com tantos outros doentes do mesmo e em que quem lá está se depara com uma realidade que, provavelmente se nunca passarem por ela, imaginam que possa existir. 

"Não pode ficar internada, vai ter que ir para casa e analisarem os próximos passos" - foi só o que o médico disse.

Manuela estava agora sossegada devido à medicação administrada. Sossegada demais até para os dias agitados que passou.

E agora, vai para casa de quem? Já não pode ficar mais sozinha. Tem que estar em permanente vigilância. Vai para onde? Questiona Joana que é quem tem menos condições para ficar com ela, mas é quem tem ficado nestes dias.

Aurora diz logo que não pode. Assim como Fernando também não quer.

Temos que nos ajudar uns aos outros - diz Joana - e neste momento ela precisa de todos.

Mas eu não posso, refere novamente Aurora.

No dia seguinte Joana volta a encontrar-se com todos para resolverem a situação.

Aurora é a primeira a manter a posição - Eu não posso!

Eu não nasci para isto - diz Joana... As pessoas estão lá quando não precisas, quando estás bem, quando um Olá e Adeus chega. Mas quando é preciso mais que isso, quando é preciso que se ajude. Quando já não têm idade e capacidade para estar só, quem está lá? Os velhos não vão de férias. Os velhos não são descartáveis. A família não é família só quando estão bem! Eu não nasci mesmo para isto. Eu não sou isto. Eu não sou como vocês. Isto não está certo.

Mas eu não posso - repete Aurora.

Podemos sempre metê-la num lar - atira Fernando!

Joana, cabisbaixa, não se identifica com aquilo e diz: é de lamentar que se ela morresse agora todos lhe vinham chorar a morte, mas neste momento ninguém lhe quer ajudar a melhorar a vida.

Eu não posso, volta a referir Aurora.

Manuela assiste à discussão sem uma única palavra. Sem deixar perceber se está a entender o que se passa se não. Terá Manuela nascido para isto?!

 

 Vejam outros textos meus para este desafio aqui.

30
Abr19

Nunca és demasiado velho para experimentar coisas novas.

Maria

Nunca digas nunca.

A idade é um número da tua cabeça. Ou da dos outros. O espírito de uma pessoa é que conta.

O meu Pai fez setenta anos anteontem. Dei-lhe umas sapatilhas. Ele nunca andou de sapatilhas. É vê-lo. Tal e qual um puto a receber as suas primeiras sapatilhas.

Primeiro claro resmungou, do género "olha agora depois de velho vou andar de sapatilhas"

Depois "isto afinal anda-se bem".

Como gosto de dar presentes que gostem. E que usem. E surpreender é sempre bom. E faço sempre por os ver sentir-se bem e jovens de espírito. É tão bom.

23
Nov10

Da familia

Maria

Achei tão fofa a avó da Catarina da Casa dos Segredos.  Agora à pouco num momento zapping apanhei-a na conversa embevecida pela sua neta. Há velhinhos que nos orgulham de poder ouvi-los. Que no pouco que falam dizem muito. Os avós deviam ser sempre lembrados, mas a verdade é que como não somos todos iguais há velhinhos mais cativantes que outros. Eu tive uma avó que me ensinou muito. Quer dizer como qualquer outra pessoa tive quatro, mas três não conheci o que foi uma pena. Não sei o que é dizer os meus avós num presente, porque no meu eles nunca existiram. E eu gostava muito de ter tido experiências com eles, eu teria gostado de crescer com eles com certeza.

24
Mai10

Para partir basta estar vivo!

Maria

Não têm sido nada fáceis estes últimos dias. Mas desde quando a vida é fácil? Este fim-de-semana, partiu mais alguém que me era muito próximo. Alguém que foi mais uma das pessoas que podia não ter o mesmo sangue que o meu a correr nas veias mas tinha o meu coração, não é isso que realmente importa? E ficam os sorrisos, as conversas, os abraços, as palavras sentidas, o carinho… o carinho que só quem gosta sente… e ficam cá dentro as lembranças e a saudade… Fica a "avó" que não era mas que foi.

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