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Obrigada a quem conquistou esta minha/nossa liberdade.
Obrigada a quem lutou pelo fim da ditadura. A quem lutou pela democracia. Obrigada por, sendo eu ainda para mais mulher, ter a liberdade de ser quem eu quero. Obrigada pelos direitos humanos e individuais conquistados. Nunca é demais agradecer pela coragem que nos trouxeram aos dias de hoje.
"Foram dias foram anos a esperar por um só dia.
Alegrias. Desenganos.
Foi o tempo que doía com seus risos e seus danos.
Foi a noite e foi o dia na esperança de um só dia"
Manuel Alegre
Dou um exemplo.
Trabalho com uma equipa de Lisboa que é muita simpática. Já há uns anos. Não conheço pessoalmente ninguém, mas falamos muito ao telefone. E quase todos os dias por email.
Aqui na empresa também ninguém conhece a equipa. No ano passado, no Natal mandaram-nos uma caixa de chocolates com a mensagem "para a equipa mais simpática do norte".
E uma pessoa fica babada. Primeiro porque nunca fomos apresentados, mas já com tanto tempo de trabalho "juntos" e através de chamadas, emails conseguem ver que somos essa equipa simpática.
Cada dia que abro um email da empresa e que começa por "Olá Olá equipa mais simpática do Norte" , "Olá boa tarde gente Boa do Norte" seguida SEMPRE de um sorriso aquilo faz o dia. Porque é sinal que o trabalho que estamos a fazer está a ser feito da melhor maneira, daquela que é a nossa maneira de trabalhar e de estar na vida. Na verdade a nossa equipa é mesmo simpática, somos todos boa onda, e gostamos de resolver tudo sempre em bem (até as nossas divergências clubísticas!). E isto é reconfortante. "Oferecemos sempre cafés e sorrisos". É o que dizemos todos aqui. E na verdade é mesmo bom quando alguém nos diz que gosta de trabalhar connosco. Felizmente há muita gente que vem cá e nos diz. Mas dizerem-nos quando nem nos conhecem o rosto, quando nunca nos apertaram a mão, quando nunca nos olharam nos olhos é mesmo muito bom!
Assim como outro exemplo que tenho um senhor de outra empresa que também não conheço e que normalmente manda emails como "Bom dia cara linda" "cumprimentos menina simpática"... e uma vez, visto que nunca nos vimos pessoalmente em tom de brincadeira disse-lhe ao telefone "olhe a minha sorte de não me conhecer pessoalmente, os seus bons dias são sempre diferentes" ao que me respondeu "uma pessoa tão simpática como você, que o é sempre, só pode ser uma cara linda". Eu agradeço até porque este é um dos senhores que sempre me manda umas garrafinhas de maduro tinto no Natal (ahah).
E é isto.
E isto bate muitos pontos no que diz a satisfação no trabalho.
Se é que me entendem...
Hoje em dia por conta da luta de igualdade de direitos há muito deturpar de situações e de expressões que não fazem as pessoas olhar com olhos de ver para a situação em si.
A descriminação existe. Existe o machismo. Existe o feminismo. Existe o racismo.
Assim como existe a má educação. A falta de civismo. A falta de respeito pelo próximo. A frustração.
Tudo isto são bombas em constante manuseamento e prestes a dar o booom literalmente.
São pontos de vistas completamente diferentes que chocam.
Muitas vezes tiram a razão a quem a tem. Porque lá está, quando estamos convictos da nossa opinião e confrontados com algo que não acreditamos, por todos os astros alinhados ou não, somos contra.
E já vi guerras começarem por menos.
Vamos lá atinar numa coisa. Deixemos-nos de levar tudo ao exagero e tentemos analisar as questões sem nos envolvermos pelo que acreditamos.
A mais recente polémica, do texto também ele polémico de alguém na Capazes que escreveu "Se és mulher mantém-te Serena!".
Eu gosto da plataforma da Capazes. Já escrevi lá. O que não quer dizer que concorde com todas as crónicas que lá vão parar. De longe.
Esta então foi, a meu ver, um autêntico disparate.
Por muito feministas que sejamos, por muita luta que queiramos ter em busca da IGUALDADE de direitos. Não podemos, em caso algum, fazer-nos rever desses direitos em atitudes de má educação, mau perder, frustração, desrespeito para com o outro. Que foi nitidamente o caso da Serena para com o jogo, para com o adversário, nomeadamente para com o árbitro, que pelo pouco que percebo de Ténis, fez o que lhe competia. O texto sim é que foi triste. Começando logo pela opinião de que o árbitro quis ser o protagonista do jogo...
Não consigo ainda mais perceber, como uma plataforma como a Capazes, em cada comentário que foi sendo feito não concordando com o texto, respondeu com um excerto do mesmo texto que em nada, nada tinha a ver com o que realmente ali aconteceu.
Não foi uma situação de racismo nem de machismo nem de sexismo. Foi uma pessoa que está habituada a vencer que errou, foi punida e respondeu da pior maneira possível. Resmungou, levantou o dedo ao árbitro, foi mal educada e ainda deitou a raquete ao chão numa de o mandar para lá de Bagdá (bem sabemos).
Se o texto fosse sobre parabenizar a adversária da Serena, que levou com uma menina mimada a não querer descer do trono e a levar um "espectáculo" todo para ela ofuscando injustamente a verdadeira campeã, quando a outra tenista merecia todo o brilho do espectáculo para si. Serena também lhe faltou ao respeito com toda aquela atitude espalhafatosa, lamentável e injusta.
Não consigo perceber como, ao querer lutar contra a desigualdade de género se deixem deturpar com outro tipo de situações que nada tem a ver.
Neste caso. Eu nunca me "manterei Serena". A sê-lo, cortem-me os pulsos, não quero que me ponham num pedestal porque sou gaja, mal educada, frustrada, má perdedora e a fazer birras como se tivesse quatro anos e não me deram aquela boneca que eu tanto queria.
Poupem-me. Eu sou feminista no querer que a igualdade se dê. E não no querer acima do que quer que seja, dizer que sou feminista e apoiar atitudes de mulheres que também erram. Em grande.
Antes que venham as chibatadas do lado de quem concordou com o texto, tenho a explicar que, a Serena pode ser uma activista feminista, mas associarem aquele acto, daquela situação, a sermos todas Serenas é descabido. D-e-s-c-a-b-i-d-o.
As pessoas confundem muito vaidade com o gostar de nós próprios.
E nós mulheres somos as primeiras na fila a criticar[-nos]. A pôr o rótulo.
Talvez porque procurem muito a felicidade de gostar de alguém em vez de, primeiramente gostar delas próprias.
Acho que a vida me fez entender, pelos meus erros, pelas minhas experiências, pelas dificuldades dos meus, pelas adversidades e pelas pessoas que se cruzaram na minha vida que, raramente vamos ter na vida quem goste tanto de nós como nós mesmos podemos gostar. Ninguém - ou quase - fará por nós aquilo que podemos fazer. E se o nosso sorriso - que é do que me alimenta a alma - pode depender de nós mesmos, ninguém o poderá fazer mais feliz que isso.
Houve alturas em que esperei que a minha felicidade viesse de fora. De dizer que estava feliz porque me faziam feliz. E esqueci-me imensas vezes de me fazer feliz. De me dar mimos. De passar à prática a ideia de que não é por estar sozinha que não sou feliz. De gostar de mim. De me orgulhar daquilo que sou. Quem nunca?!
Depois levas ali um safanão. Que é quando normalmente alguém maltrata esse o teu sorriso e tu percebes que alguma coisa estava mal. E esse safanão valeu para eu olhar mais para mim mesma e dizer - oh pá tu és espectacular (obrigada amigos que me fizeram ver isso em momentos menos bons). E isso não é ser convencida, altruísta, egoísta, vaidosa. É uma mistura de, e não um só rótulo que é também um hábito comum de quem não tem mais nada que fazer e pratica a lei da frustração.
Há gente que não se aguenta e tão só por isso, não aguenta, quem se aguenta.
Uma pena.
É praticar mais vezes o verbo Amar[me]. Não há maior felicidade na vida que a felicidade que vem de dentro de nós mesmos.
Na nossa conduta, há sempre um padrão que se deve manter inalterável.
As escolhas vão mudar. As opções. As oportunidades. Os erros. As falhas. As promessas. As vontades. O caminho. Os obstáculos. O querer.
Por mais mudanças que as nossas vidas tenham, por mais tombos que a gente dê, por mais feridas que demorem a cicatrizar, por mais "nunca" e "jamais" que se digam e que não se cumpram, por mais erros que se cometam... é importante saber que os nossos valores permanecem inalteráveis.
Pode mudar-se tudo. Menos os valores. Os nossos.
[ ♥ ]
Sentir-se livre é sentir que todo um mundo pode ser nosso, basta ter a coragem de o querer enfrentar. Atar-nos a algo ou pôr a dádiva que é a nossa vida nas mãos de alguém é envergonhar cada um que, um dia, teve coragem e lutou por ganhar esta liberdade.
Cedo nos ensinam que a família é o nosso tudo na vida. Que acima de tudo está a família. Que são os nossos. Que sempre vão estar lá. Que a família é para ser unida. Que patati patatá. Balelas. Conversa. Vamos crescendo, vamos ouvindo e vamos aprendendo que isso são histórias contadas e que nem sempre é assim. Que família muitas vezes são aqueles que estão mesmo só lá por casa ou poderão ser mais os amigos que escolhes como tal que propriamente aqueles que passeiam o mesmo sangue que o teu. Aprendemos que as famílias nem sempre são assim tão unidas, que salvo raras excepções há uma ovelha negra que pode muito bem, demorar toda uma vida a deixar cair a máscara mas ela cai. Temos sempre duas famílias, a materna e a paterna e em todo o caso, não há garantias de que as mesmas possam ser iguais. Até porque na realidade raramente o são.
Pois que, eu cresci e aprendi que tenho duas famílias completamente diferentes. Cheia de qualidades e defeitos. De ambas as partes. Uns mais evidentes que outros. Mas reza a história que sempre foi assim, valha-nos isso para não serem agora (nesta fase mais madura) mais uma desilusão. Apraz-me dizer, que no todo o balanço é mais que positivo. Mesmo sendo uma grande família. Tenho essa sorte.
Claro está, há uma costela que me deu este parvo sorriso, que teima em aparecer dia sim dia sim. Que mesmo quando estou mais em baixo faz questão de estar por ali. Este sorriso fácil que tanto gosto de partilhar. Há uma costela, que me trouxe das melhores pessoas do mundo. Uma família mesmo muito unida. Cheia de sorrisos e que partilham cada lágrima. Uma entreajuda quase não vista. Há sempre um motivo para nos juntarmos, nem que seja o só porque sim. Adoram surpresas e nunca se sabe quem te bate à porta, se um, se dez. Adoro esta costela. Estes meus que dão tanto uns aos outros. Sorrisos. Mesmo com as dificuldades e os obstáculos de cada dia, as distâncias...
Ontem, um dia normal de calendário. Alguém fez anos. Um outro alguém lembrou-se de ligar e propor "podíamos juntar-nos e chegar lá a casa de surpresa, que tal?". A resposta de todos foi igual: "porque não!". E do nada, quase vinte juntamos-nos para um jantar surpresa e festa de aniversário em casa de quem nem suspeitou. A meio da tarde ligaram-me e apenas ouvi "depois do trabalho passas lá também". Tal e qual. Nada paga a surpresa dos da casa, nem de todos os outros que se quiserem juntar. Mesmo aqueles que estavam a mais de setenta quilómetros... Nada paga a alegria da mesa cheia, do lugar que sempre há para mais um, das gargalhadas que se ouviram, do "comes e bebes", da partilha, das anedotas. Gosto desta família. Tanto. Destes meus que dou graças por ter. Destes que quando um diz vamos o outro já se fez à estrada. Gosto. Oh pá como gosto. E tenho sorte.
No dia em que o meu sobrinho com cerca de 4/5 anos chegou a casa do infantário a dizer o “António” deu-me um murro. Perguntamos e tu que lhe fizeste? E ele com um ar que a coisa tinha corrido bem disse “Apertei-lhe o pescoço”.
Da nossa parte teve um estiveste bem. Foi um chega pra lá. Único e pontual. O restante blábláblá nem foi preciso porque já se lhe tinha ensinado que nada justifica a violência, mas há sempre um “mas” (porra se há!). Com certeza outros concordam outros tantos vão discordar. Mas o que eu sei é que esse menino “António” andava-lhe sempre a importunar, a ser chato, a espicaçar até ao dia que o meu sobrinho se cansou de deixar andar e “respondeu”. Falamos aqui de crianças, miúdos no infantário, sabemos que nada com agressividade mas são idades em que a nossa personalidade está a desenvolver-se.
Foi-me ensinado (e ensino) que nós somos todos diferentes. Há sim pessoas com instintos bons outras menos bons e há pessoas, quer se aceite ou não más, ponto final. Há coisas em nós que já vêm programadas mas as demais vão-se delineando. Pois então foi-me ensinado que “quanto mais te abaixares, mais te vêem o rabo”. E a verdade é que se deixarmos ser um saco de pancada iremos ser sempre um saco de pancada – passo a expressão.
Não estou com isto a dizer que vamos agora andar aqui todos a responder na mesma moeda e se vem um com violência partimos também para a violência. Claro que não e longe disso. Mas em todos os casos, e todos os casos são diferentes, há excepções.
No todo de todas estas histórias que vão aparecendo, de miúdos cada vez mais mal educados, violentos, babujeiros, badalhocos, inoportunos, sem respeito pelos outros e sem se darem ao respeito (e atentem miúdas que infelizmente estão a crescer piores que os rapazes). De filhos que não obedecem, que se fazem até para os pais, que ninguém lhes exerce autoridade, que andam na vidinha deles sem que alguém se lhes ponha rédeas e limites…
Atentem, eu já fui miúda. E travessa. Tinha opiniões muito minhas, raramente pedia, gostava mais de afirmar. Batia o pé e rodava a baiana. O recreio da escola era a minha perdição para ficar a jogar futebol e chegar tarde a casa. O meu pai nunca me deu uma sapatada que fosse. Já a minha mãe todas as que me acertou foram bem dadas. E algumas recordo-me bem. Os meus longos cabelos até lhe davam jeito e nem por isso fiquei traumatizada a ponto de o usar agora curto. Mas fui bem a tempo de sair cedo e ganhar-lhes a confiança. De ter educação para com os outros, sempre, mas ter-me respeito por mim mesma, faz de mim a pessoa que sou hoje. Hoje não se pode dar um estalo num filho ou puxar-lhe a orelha porque fazem queixa. Hoje as pessoas não têm tempo, logo menos paciência e não chegam a acompanhar nada. Quando vão a ver “ai não pode ser, o meu filho/a era incapaz de tal coisa”.
Depois é isto. É o que se vê. É o que se tem visto. Mas isto que vai parar às redes sociais é uma percentagem mínima do que vai por aí. Já experimentaram sair à noite e ver a educação dos miúdos que andam por lá? A postura deles? Já experimentaram perguntar a adolescentes do porquê de certas situações a acontecerem na escola? Como eu já ouvi “aquela faz não sei o quê para se manter no grupo”; “aquele fez isto porque aquele mandou”. Right. Cada cabeça sua sentença. Mas tenho pouca fé em muitos jovens que andam por aí para o nosso amanhã. Para se ser homem e mulher não basta sê-lo apenas pelo sexo com que se nasceu. E acreditem que um dia mais cedo ou mais tarde vão perceber que o ser bonito por fora estará longe de vos fazer ser uma boa pessoa, ou menos boa, ou má. E geralmente acabam por descobrir da pior forma.
Acreditem que o ter piercings e tatuagens porque sim. O andar com a barriga à mostra e com etiquetas de marcas caras. O ser a miúda mais gira do bairro ou o bad boy que todas idolatram, o terem iphones, ipads e afins de i’coisas com 4987 amigos no facebook, o terem twitter, flickr, instagram não farão de vocês amanhã alguém na vida. O ser o mister do grupo também não, porque amanhã esse grupo vai na volta e deixa de o ser. É preciso um bocadinho mais. A começar por valores. Educação e respeito. E nem precisa de ser para com os outros, para com os velhinhos ou com as crianças. Basta começar por vocês mesmos. Dar-se ao respeito isso sim é bonito. E está sempre na moda. Eu sei que há idades em que a visão é turva e não deixa ver isso, mas acreditem que é melhor usarem óculos mais cedo e mais tarde não precisarem deles que vice-versa.
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