Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

SorrisoIncógnito

Todo o sorriso é apaixonante devido ao incógnito que o ofusca! SORRIR_um estado de espírito...

30
Mar20

Vai ficar tudo bem!

Maria

Estamos a passar por algo que nem nos nossos pesadelos a seguir a um filme de terror estaríamos a ponderar sequer algum disse que fosse possível. De todo. Acredito. A todos.

Mesmo a esses que ainda assobiam para o ar como se não fosse nada com eles, como se não seja importante a vida do próximo, a luta do próximo, a ajuda, a dificuldade, a fé... do próximo. Até que, só quando lhe for mesmo próximo,ou bater à porta vá ter consciência deste inimigo invisível. Que não seja tarde demais. Mas que se for para escolher, que haja a frieza e o poder de decidir por quem fez as escolhas certas ao invés de quem optou por ser um estupor, mais uma vez na vida.

Adiante.

IMG_20200330_191822_968.jpg

 

No dia 13 decidi a minha quarentena voluntária. Ainda que à espera da validação do tele-trabalho, onde no dia 16 tive que passar no escritório buscar as minhas coisas para seguir com o tele-trabalho e desde então, não mais saí de casa a não ser para ir à farmácia comprar a minha bomba. Tentei fazer tudo direitinho. Incluindo o ensinar aos meus pais que não podem mesmo sair. Por muito que isto custe, por muito que possamos achar que se vai só ali. Por muito que se acha que se consegue tomar todas as medidas necessárias e nada falha. Pode falhar. E eu quero tentar que não falhe. Por mim, mas muito mais por eles. Pelos meus. E por aqueles que sofrem tanto com isso. Por quem está na linha da frente a dar o tudo e mais alguma coisa, sem o maior apoio que é a família perto. E falo muito dos médicos, enfermeiros, pessoal da saúde mas não só, falo das forças de segurança, falo dos farmacêuticos, dos transportes de mercadoria que nos trazem bens essenciais, dos bombeiros, dos que doam comida, dos que se disponibilizam a ajudar os idosos, os que não conseguem, os que têm dificuldades. Esses todos. Que tentam fazer o bem. Por quem não vê os filhos já há tempo suficiente, por quem não pode ir dormir a casa. Por quem não tem conseguido ter tempo quase para comer como para dormir. E não digo descansar, digo dormir mesmo, de conseguir fechar os olhos e conseguir não ficar com a mente a trabalhar.

Não está fácil.

A viagem para o trabalho já foi suficientemente esquisita, mesmo aqui #umbocadinhoabaixodoPoloNorte numa aldeia perdida, mas que sempre havia trânsito e hoje nem isso. Quase ninguém. Mas o chegar lá doeu cá dentro. Deve ter sido por isso que me sinto particularmente mais sensível hoje.

Não somos de beijos, mas somos de abraços, de bater no ombro, de passar a mão na cabeça. Lá no trabalho parecemos mesmo irmãos, e hoje quando os vi senti que quando o meu boss um dia me disse que eu sou a filha que nunca tiveram, aquilo tinha sentido. Em 13 anos só fico sem lá ir duas semanas nas ferias grandes e quando volto a subir as escadas a reacção efusiva juntamente com um abraço de saudades é inevitável. Hoje foi só o Mariiiiia e ficamos ali à distância a sentir a necessidade que uma pessoa tem nem que seja de pôr a mão no ombro a dizer "saudades pá"! E é ali que damos por garantido que não somos muito e somos na loucura bem menos que o que pensamos alguma vez ser. E que de repente há abanões que nos abalroam e nos dão a noção que se calhar apesar do cliché que é dizer que há tantos pormenores aos quais não ligamos, agora vem a vida e te põe ali de joelhos  mais perto do chão para percebemos que é muito fácil não teres os pés no chão por mais que sintas todos os dias que os tens.

Vida esta hein?

Aproveitei e fui às compras. Até porque a ultima vez que tinha ido, foi na loucura do papel higiénico, há cerca de duas semanas e meia que não ia. E só hoje vi todas as medidas que tiveram que implementar. Os seguranças à porta. A limitação de entrada de pessoas (se bem que tive a sorte de ir bem cedo e só estarem três/quatro pessoas dentro do hipermercado quando entrei, já quando saí...). Os avisos de não mexer nas coisas, de ver com os olhos. De não nos aproximarmos das pessoas. De esperar pela nossa vez lá atrás. De esperar que alguém saia para pores as compras no tapete... foi estranho. Nunca me senti invadida a fazer compras. Quase que sufocada a querer sair dali o mais depressa possível. Do ter medo de tocar no que quer que fosse e no ansiar que poderia já estar evoluído ao ponto de olharmos para uma coisa e ela ir parar ao carrinho por obra de quem quer que seja e não das nossas mãos. O andar com álcool atrás porque nunca encontrei gel (que não me custasse os olhos da cara). E assim que entrei no carro, senti-me tão impotente, medricas, parva, pequenina e foi ali que o eu mundo parece que desabou. Porque me lembrei desses estúpidos que saem à rua só porque sim, sem necessidade essencial para o fazerem e voltei a lembrar os vídeos que tenho visto que me cuticam o coração. O médico que foge do abraço do filho assim que o vê ao longe. Do José Alberto Carvalho que perdeu um ente querido e nos lembra, mais uma vez, como até isso nos tiraram, a despedida de um ente querido. Ou mesmo o vídeo de um hospital em Espanha onde os médicos estão já bastante cansados e a policia e bombeiros fizeram um ajuntamento em frente ao hospital a apitar e a bater-lhes palmas, numa de alento e apoio. Ou o vídeo do gnr que pára o carro em frente ao seu prédio e põe a música do "BAby shark" no qual dança cá fora, com a sua filha a ver pela janela e a rir-se no colo da mãe.

Isto esmaga-nos certo?

[Pelo menos a quem não acha de bom tom perante esta situação pegar no carro e ir passear ali para uma esplanada à beira mar. Ou furar a quarentena só porque vou ali à padaria ao lado de casa comprar uma raspadinha. Ou porque vou ali ao posto de abastecimento beber uma jeca já que os cafés, esses malucos, fecharam. Ou vou ali ao parque, que até por acaso está fechado com umas fitas, mas eu consigo dar a volta aquilo e até passo por cima e sigo caminho. Olhem e nesta parvoíce até vejam que não estou só e não sou o único - que gente é esta meu Deus?]

Caraças. E isto toca lá dentro de uma maneira incrivelmente avassaladora.

E hoje, talvez pelos dias de quarentena, sinto-me sensível.

E não é só porque pus ali a dar o concerto que passou ontem do Zambujo e do Miguel Araújo. É porque caraças isto é sério e está mesmo a acontecer. Ali, do outro lado da nossa porta. Não só da minha, mas da de todos. Isso mesmo, do outro lado da prta de cada um - por isso o fiquem em casa ok?!

Tão verdade como eu continuar a ir à varanda e a minha afilhada do outro lado, na varanda dela, me continue a pedir colo, que a vá buscar porque está presa. Tem dois anos. Caramba. Isto não devia estar a contecer. Mas está.

Índice de sanidade mental de quarentena: é isto! 😔🙌

Coragem Maria, coragem. Vai ficar tudo bem!

22
Jun18

Cagufa, miúfa vá - do latim...

Maria

...

Sabem aquelas pessoas que vêem um rato e saltam para uma cadeira?

Pronto eu sou mais ou menos assim, mas com a trovoada. Não salto para lado nenhum, mas se me poder fechar num cubículo sem visão para o exterior aí vai ela.

Tenho imenso respeito à trovoada. Mas, na verdade há uns tempos para cá, depois de duas situações mais complicadas fiquei bem mais respeitosa. Assim meio medricas. Com cagufa, miúfa vá. É o que é. E depois mexe-me com o sistema que é qualquer coisa.

Quando era mais nova, lembro-me de uma vizinha que sempre que começava a trovoada lá longe, vinha para nossa casa. Não conseguia estar em casa sozinha. E se nós não estivéssemos ia para casa de alguém. Não falava com ninguém. Ficava ali em silêncio. Ela chegava a ficar de cama. Eu achava aquilo esquisito. Não entendia.

Hoje em dia. Estou imensas vezes sozinha quando há trovoada. Não gosto. Mas muitas vezes fico mais preocupada com outros. Quando estou com os meus pais e que a trovoada está forte, apetece-me abraça-los e fazer-lhes uma bolha para que nada aconteça, principalmente depois da minha mãe ter apanhado um valente susto a mexer na água dentro de casa com trovoada. É verdade.

Não gosto de andar cá fora. E o melhor mesmo é quando eu digo que não gosto particularmente dela e me contam histórias que não lembram ao diabo. Não sei se conhecem ou já ouviram falar de cenas do género de terem assistido a descargas eléctricas, mas aquilo é medonho. E não vou contar nenhuma, não se preocupem.

Pronto e é isto. Dias seguidos com trovoada e eu aqui encolhidinha à espera que isto passe.

É sexta-feira. Valha-nos isso (e já só falta uma semana para o dolce far niente)

IMG_20170419_223705_372.jpg

 


(Costuma ser as orvalhadas de S. João e não as trovoadas...)

11
Dez17

A tempestade "Ana"!

Maria

Ontem era dia de tempestade "Ana". O alerta tinha sido dado e os avisos mais que distribuídos. O Norte estava em alerta com aviso vermelho, devido principalmente ao vento forte. Seria então um típico domingo morrinhento dentro de portas. Como sabem, moro ali um bocadinho abaixo do Pólo Norte, numa terra que tem o vento como nome do meio, mas... aquilo que vi e ouvi ontem ultrapassou tudo aquilo que me lembro de até à data ter ouvido. Mesmo ali naquele pedaço de terra que já se vai habituando em ser conhecido como a terra do vento.

Durante a tarde tive uma única fuga de casa, para ir dar colinho à afilhada mai'nova, que mora tão longe como a casa ao lado e já aí o vento estava forte, o que me fez quase cair pelas escadas abaixo e como era impossível abrir um guarda-chuva foi correr o mais que pude e nem assim evitar ficar toda encharcada.

A coisa tendeu a piorar, aliás como era o alerta - entre as 20 e as 2 horas da manhã de hoje.

Tinha-se combinado ver o jogo do [meu] FCP juntos, mas foi abortada a saída de casa visto que o tempo não estava propício e muito menos convidava. Já depois do Porto marcar os 2 ou 3 primeiros golos tudo começou a intensificar-se.

O barulho cá fora assustador. Cada vez mais. Parecia que as persianas estavam a tentar ser arrancadas. Ouviam-se barulhos estranhos no exterior da casa, mas fora de questão ir espreitar. Aquilo assobiava por todos os cantos. E eu enrolada na mantinha só pedia para que aquilo passasse rápido. A chuva até não era muita, mas o vento. Minha nossa o vento era claramente sentido. Até que por uns segundos - gigantes - aquilo estremeceu tudo. Barulhos muito fortes e a luz foi abaixo. Ficou-se ali às escuras a ouvir-se o tumulto que se passava cá fora. 

De repente acalmou.

Um silêncio assustador. Depois daquela rebeldia toda. Continuou-se sem luz.

Abri uma das janelas e espreitei cá fora. Consegui ver que a rua estava cheia de restos de uma placa de pladur. Não quis ver mais. Estava frio. Fechei a janela, ainda sem luz e deitei-me.

Eu, que tenho insónias e que para dormir é os cabos dos trabalhos passei quase a noite em claro. Sempre em alerta quando começava a soprar um pouco mais. Depois foi a chuva.

A luz voltou. Liguei-me à internet e vi as ultimas actualizações. Infelizmente muitas ocorrências. Só queria dormir e que tudo já tivesse passado.

Acordei ainda escuro e esperei que se fizesse luz. Abri a janela:

 

20171211_082820.jpg

 

Está frio. Nevou na serra e começa a sentir-se o gelo. A chuva continua. Não usei a estrada habitual para o trabalho porque nestas alturas fica bastante perigosa - nem imagino como esteja. Vim por uma alternativa. Mesmo assim, vi árvores caídas. Acidentes. Condutores com condução irresponsável face ao estado das vias. Bastante sujas. Muitas folhas. Ramos de árvores. Terra. Escoamentos entupidos. Lençóis de água. Placas destruídas. Outdoors arrancados. Estruturas feitas num oito.

Cheguei ao trabalho bem depois da hora de entrada mas bem. Todo o cuidado a conduzir é pouco.

Já no trabalho, a chuva intensificou-se e houve um trovão que iluminou todo o escritório.

Eu disse. O inverno quando viesse ia trazer tudo aquilo que tem atrasado em chegar.

Que se fechem as portas da serra que está a ficar um grizo mais ou menos e é esperar que não hajam muitos mais estragos.

E coragem Maria! Coragem! Tu sabes, a vida não é fácil para quem mora ali um bocadinho abaixo do Pólo Norte.

Sobre mim

foto do autor

Espreitem Como eu Blog

Expressões à moda das “tripas” do Porto!

Sigam-me

<>

<>

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2024
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2023
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

subscrever feeds

Em destaque no SAPO Blogs
pub