Sanidade mental em tempos de quarentena!
Foi no dia 13 de Março que decidi a minha quarentena voluntária, mas foi no dia 16 de Março que fui buscar as trouxas ao trabalho para começar o teletrabalho por cá, em casa. Há um mês. Escrevi aquele texto que nunca sonhei na vida escrever. E mais, agora um mês depois tudo estar mais ou menos no mesmo ponto. Em casa a trabalhar com o escritório aqui montado. Sem saber quando volto e sem saber quando isto acaba. A diferença é que um mês depois temos quase 600 mortos e mais de 18.000 infectados confirmados.
Num mês, fui duas vezes ao trabalho e nessas duas vezes aproveitei para ir ao supermercado fazer compras cá para casa. No trabalho continua quase tudo igual. E digo quase porque continua-se a trabalhar, para o estrangeiro, não com o movimento num outro ano normal nesta altura, mas a agradecer todos os dias a coisa não ter descarrilado, até à data muito.
Trabalhar em casa não é de todo uma cena maravilhosa, mas agradeço ter que sair o mínimo possível de casa e faço a minha parte no que diz respeitar a quarentena.
Há dias melhores que outros. A parte de ter bastante trabalho ocupa-me basicamente quase o dia todo e isso é óptimo. No entanto há dias menos bons. Por já estar nisto algum tempo. Por ter saudades de muita coisa, principalmente de ouvir presencialmente as minhas pessoas, família e amigos. Pelos abraços. Pelos beijos das minhas pequenas. Pelas jantaradas e confidencias com a minha melhor amiga enquanto brindamos, pelo pegar no carro e ir dar uma volta. Por espairecer fora de portas. Por ter falhado o aniversário da minha afilhada de quatro anos. E tivemos a Páscoa e o que me faz falta desta época é mesmo o sentar-me à mesa com a família, nesta casa ou naquela e aquele convívio. A sorte é que ainda moro na melhor rua do mundo, com os melhores vizinhos e aqui leva-se muito à letra ir para a varanda conversar.
E por talvez, há um mês não fumar. E quem é que vai deixar de fumar, logo numa altura de confinamento em que te apetece bufar a toda a hora por tudo e por nada? Não fumar nesta situação é do caraças. Acreditem. Eu não disse que deixei de fumar, que isso é todo um processo que nunca sei se vai começar e ter pernas para andar - quando quem me segue há mais tempo sabe que já parei algumas vezes de fumar e uma das vezes durou 22 meses. Mas não fumo há um mês. Ainda não me apeteceu cortar os pulsos, nem subir paredes e acho que ainda não comecei a delirar mas... acredito que contribui bastante para ter níveis de sanidade mental a oscilar muito diariamente.
Coragem Maria, coragem. Tu sabes, a vida não é fácil para quem mora ali um bocadinho abaixo do Pólo Norte - mas desta vez - a acreditar que vai #ficartudobem, logo #ficaemcasa!
Sanidade mental desse lado, como está a correr isso?