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SorrisoIncógnito

Todo o sorriso é apaixonante devido ao incógnito que o ofusca! SORRIR_um estado de espírito...

18
Mai21

É o amor que nos salva. Tantas vezes.

Maria

 

Não é muito habitual e fácil ver um homem, despojado de tudo, numa hora difícil a falar de Amor. 

A falar de amor que dói na mesma proporção que [-lhe] despoletou o coração ao melhor bater.

Não é fácil ver um homem, que normalmente tem as luzes da ribalta viradas para si, tê-las agora a darem-lhe a luz num momento sem brilho, sem sorrisos, sem grande sentido.

Não é fácil ver um homem, que traz um pouco de todos nós que quisemos assistir à sua entrevista, que nos mostra a dor de perder um amor e toca-nos a todos, acredito. Uns porque já passaram infelizmente pelo mesmo, outros pelo medo que todos temos que nos toque semelhante.

Não é fácil ver um homem a desabafar perante milhares as consequências da perda de um amor. E nós sabemos que na nossa caminhada, quando sofremos deixamos de ser aquilo que éramos em algum momento e refugiamos-nos - cada um com o seu tempo - em alguém diferente. Em que abusamos de vícios talvez, em que descemos lá baixo à solidão, ao não querer estar com alguém, ao não partilhar afectividade, ao não aceitar o depois, ao não conseguir ter o discernimento de não fazer ricochete da nossa dor - para com quem por norma está mais perto.

Não é fácil ver um Pai falar da perda trágica e repentina de uma filha [que por sinal vê um momento tão íntimo e familiar partilhado por milhares de pessoas e escarrapachado em cada lugar à mercê do melhor e do pior que se pode dizer de tal].

Ouvi com bastante atenção as palavras do Tony, assim como as palavras do Manuel Luís. E acho que ninguém teria feito aquela entrevista melhor que ele mesmo. Porque só uma pessoa sensível e respeitosa conseguiria fazer aquelas perguntas àquele homem ainda magoado a tentar reencontrar-se. Recompor-se. Reerguer-se. Visivelmente afectado. Cabisbaixo. Olhar triste. Magoado. Abatido. Lágrimas nos olhos a cada recordar. 5 meses depois - diferente. 

Não consigo sequer imaginar a dor. Não ouso. Não consigo sequer pôr-me naquele lugar. Não consigo sequer querer dar-lhe respostas. Mas encontro-lhe o amor. O muito amor pela filha que perdeu de vista. O muito amor pelos que o ajudam todos os dias a ser melhor pessoa seguindo em frente. O muito amor que quer partilhar do que a filha lhe deixou. O muito amor em querer encontrar mais sentido. O amor em querer continuar os sonhos da Sara, agora através da associação "Sara Carreira" e ajudar outros sonhos de outras crianças. O amor de querer cantar para ela. O amor em querer fazer música e cantar. E música é amor.

Desse amor maior - Que nos salva tantas vezes.

O abraço do Goucha é um bocadinho nosso, de quem teve a oportunidade de ouvir esta partilha de tanto amor num momento difícil e íntimo. Amor. Muito AMOR nesse coração  ❤

20
Fev19

A Maria num Tê Um!

Maria

 

Se não conhecem o blog Tê Um ide lá espreitar.

Diz que está lá uma entrevista à minha pessoa que eu acho que vocês vão gostar. E que eu gostei muito de responder. Pelas perguntas. Pelo sentido de conhecimento e de leitura daqui do blog. E pela simpatia.

Poderão encontrar respostas ao que uma rapariga de 20 anos não sabia de uma mulher de 35. De características de pessoas do Norte que fazem falta às do sul. Ou mesmo coisas que eu não tenho jeitinho nenhum para fazer.

Espreitem lá.

06
Jun17

"Inimputáveis", outro murro no estômago...

Maria

Interesso-me por tudo o que seja do foro psicológico. Gosto de ver reportagens, entrevistas, ouvir psicólogos, psiquiatras. É um tema tão abstracto, tão meticulosamente complicado que me cutica a curiosidade de tentar perceber o que à primeira não dá para perceber.

"Inimputáveis", uma reportagem da Ana Leal da Tvi, num dos lugares mais inacessíveis a nós comuns cidadãos, a clínica psiquiátrica do estabelecimento prisional de Santa Cruz do Bispo. Onde esteve cerca de um mês para fazer esta reportagem. Ali estão indivíduos inimputáveis considerados perigosos.

Vamos lá ser sinceros, normalmente olhamos para estes casos e não conseguimos ver a doença para além do crime. Lê-se muito por aí "dá-se como tolinho e depois não tem pena" (mas se calhar não é bem assim). Sim numa primeiro impressão, muitos são os que pensam assim. A sociedade ainda é muito fechada quanto a doenças do foro mental e psicológico e como que de um assunto tabu, não se fala muito. É quase preferível não querer perceber estas pessoas que tentar entender o que está por detrás daquela atitude que tinha tudo para ser um crime praticado por um criminoso, mas no final foi praticado por um doente. Doente, isso mesmo, um individuo que praticou realmente um crime, mas que foi fruto da doença que padece, numa fase de descompensação da doença.

Na verdade, são pessoas com histórias de vida peculiares que no entanto são apenas e só julgadas por nós comuns cidadãos, ditos "normais" que não sabemos lidar com estas situações, não estamos preparados para os receber, para olhar para eles acima de os referenciar como "perigosos", as pessoas não os querem de volta à sociedade, as famílias esqueceram-nos. Ninguém faz questão de os ter na vida. As pessoas têm medo.

Infelizmente com esta reportagem podemos ter a consciência que, para dificultar todo este processo de reintegrar, reabilitar um doente inimputável, está não só uma sociedade que não os aceita, como uma falta de meios para os "proteger" cá fora no depois. E há depois? Se calhar, se houvesse mais ajudas, mais acompanhamento no após sair, mais ligação entre o tribunal - porque nestes casos, são inimputáveis a padecer de uma medida de segurança* em regime de internamento prisional - a saúde e em muitos casos a segurança social. Talvez pela falha destes três organismos não se interligarem para soluções, os casos de sucesso sejam menos que os que possivelmente poderiam ser.

Ouvir coisas como "tenho medo de mim mesmo" é aquele murro no estômago de alguém ter a consciência dentro da sua própria insanidade do que padecem. Sabem que medicados estão bem, mas é apenas e só a medicação que controla o individuo porque continuam a ser pessoas que, caso não tomem a medicação podem reincidir e voltarem a cometer os erros que cometeram antes, matar, violar...

Alguns estão lá há mais de vinte anos e têm a consciência que podem não voltar a sair de lá, mas têm também a consciência que cá fora não têm nada à espera. Outros continuam a viver na esperança de não serem esquecidos por aqueles que na verdade já nem se interessam se existem.

Há uma quinta-feira por mês que uma voluntária, vai buscar aqueles que principalmente não têm visitas, não têm ninguém cá fora e vai dar uma volta com eles, têm dez horas "livres". É completamente frustrante ver o brilho no olho de quem vê e sente o ar cá fora. E falam sobre isso, ainda que retraídos, com muitos "ses" por detrás das suas conversas e com muitas emoções lá dentro.

"As lágrimas que não se choram enferrujam o coração" - disse a voluntária a um dos que levou. Fazendo deles pessoas de sentimentos e emoções retraídas em corpos presos a doenças mentais, atrasos mentais, bipolares, esquizofrenias...

Não deixem de ver a reportagem que está dividida em duas partes. A primeira parte deu no domingo à noite, a segunda na segunda-feira à noite e seguiu-se ontem na Tvi24 uma análise a toda esta reportagem, entre a jornalista Ana Leal, a psiquiatra forense Sofia Brissos a qual não deixa de fazer denotar a sua esperança sempre em que estas pessoas sejam aceites na sociedade e possam voltar a ela, que não tenham a ideia pré-concebida de que ao irem ali parar não saiam mais dali. E a Directora Adjunta da prisão, Dra Otília Barbosa, a qual adorei ouvir, que cuidadosamente explicou dúvidas e que com certeza teria muito a contar desta tão extensa experiência com casos tão delicados, tão tabus da sociedade e tão "inaceitáveis" da mesma.

Tirem as vossas próprias conclusões. O que me surpreende é a capacidade que têm de dentro da sua própria loucura reconhecerem-na.

para quem não viu, obrigatório ver:

1ª parte aqui

2ª parte aqui

Quem viu, qual a ideia com que ficaram? olham para estas pessoas cm um olhar diferente do que olhavam antes da entrevista, ou apenas querem olhar mas na prática continuam a achar que estas pessoas devem mesmo é manterem-se afastadas da sociedade (porque acho que esta é a ideia comum dos casos) para não serem um perigo para os outros e para elas próprias?

A meu ver, o olhar sobre estes casos, depois de ver a entrevista é diferente.

Vejam a história do Vicente (o "homem invisível"), há mais de trinta anos internado e quando saiu quis voltar para a clínica porque ele próprio teve a noção que não sobrevivia cá fora e nem tinha lugar na sociedade...

Outra observação importante: nós não temos nenhum criminoso a cumprir sequer 25 anos de prisão que é a pena máxima em Portugal, mas temos ali pessoas que já ultrapassaram esse tempo cumprindo medida de segurança que são prorrogadas a cada avaliação do doente.

 

* "é a medida que o tribunal aplica, a estas pessoas que absolveu porque considerou inimputáveis e portanto sujeitou a uma medida de segurança e tratamento por considerar que existia o perigo de voltarem a praticar factos identicos aos que estiveram em causa naquele julgamento" - Dra Otília Barbosa

 

09
Jun16

Quaresma em Alta Definição!

Maria

 

Sempre será o [meu] ciganito do coração. E sempre ao meu olhar será alguém capaz de trazer ao peito o emblema do F.C.Porto.

Uma entrevista que deixa a nu um homem que carrega a sua história de vida, invisível a quem sempre lhe aponta(ou) o dedo. É cigano e orgulha-se de o ser. Quem acha que o afeta ao em jeito pejorativo lhe chamar cigano engana-se, tal como ele diz. Quaresma tem muita verdade nas palavras. Muito sentido. É um jogador para se amar, ou não se gostar mesmo nada. Será sempre bom a ser aquilo que ele é, sem tentar ser aquilo que os outros querem que ele seja. E tão só por isso, gosto ainda mais dele!

Quaresma tem uma alma de dragão bem definida. Só não vê quem não quer ver. E como eu gostava que ele voltasse...

Ontem esteve em destaque no jogo amigável com a Estónia, onde Portugal ganhou por 7-0 e onde Quaresma brilhou. Que leve esse brilho que tem para o Europeu!

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