Dia dos Irmãos!
Eu até podia contar as vezes que me escondia debaixo da mesa da sala na hora que o mano estava para chegar da escola, só para o ouvir perguntar “Onde está a Maria?” era o momento “querido” antes de voltarmos ao cão e gato. Eu até podia contar como ele me levantou o dedo a avisar que ai de mim lhe pegasse na bicicleta vermelha que tanto estimava, visto que eu nem sequer sabia andar e já se sabia o desfecho. Não só peguei às escondidas como rua abaixo aprendi, o problema é que só parei no meio das silvas e cheguei a casa sem bicicleta. Anos mais tarde teve a sua nova bicicleta de montanha parece que ainda estou a vê-lo a lançar-me aquele olhar de “se lhe pegas levas uma malha”. E aqui a Maria teimosinha que chegue foi logo na primeira oportunidade, era quase maior que eu, quase que nem chegava com os pés aos pedais quanto mais pôr os pés no chão mas os muros ajudavam a subir, já quando tive que parar sem muro à beira ou passeio, catrapum lá fomos as duas ao chão. Até podia contar como lhe dava cabo dos carrinhos enquanto ele me tirava as cabeças aos nenucos. Até podia contar como ele gostava do seu saco de boxe e eu não o deixava de melgar até ao dia que pegou em mim e disse que fazia de mim como ao saco de boxe. Até podia contar como puxei a toalha da mesa num aniversário dele só porque também queria uma festa para mim. Até podia contar como levávamos a minha mãe ao limite até apanharmos os dois de tão pestinhas que éramos.
Mas… também podia contar como ele me defendia de tudo e de todos. Podia contar como o meu irmão cedo me levou a sair com ele. Podia contar como fui falar com um brutamontes um dia na discoteca porque lhe queria bater e estava a confundir o meu irmão com outra pessoa. Podia contar inclusive que um dia ele ia passar 15 dias de férias a Nazaré com um amigo, só os dois e eu claro também queria ir. Mas que raio iam agora os dois (na casa dos vinte e picos) para irem às gajas e iam levar a irmãzinha mai’nova atrás, era o que faltava. No dia antes de irem perguntou-me “tens a tua mala feita?” (isto não é para todos não) e posso adiantar que foram umas férias fantásticas. Podia contar as quantas vezes eu me chateava com um namorado meu quando andávamos todos na night ou não queria ir embora tão cedo e vinha ter com ele a dizer arranjas-me boleia? Nunca me falhou. Podia contar como os amigos dele é que foram os meus amigos porque independentemente da idade que nos separa levavam-me para todo o lado, jantaradas, nights, férias… Podia contar como chorei baba e ranho dias a fio quando ele foi trabalhar para fora…
Até hoje. Oh pá podia contar tanta coisa destes dois. Tanta coisa sobre o que é isto de ser irmão. Falar de como o sangue que nos corre nas veias foi-me feliz ao dar-me o irmão que tenho hoje… mas faltam palavras. É um amor maior. Assim mesmo nestes milhões de centímetros que nos separam fisicamente mas que nos unem lá dentro. ♥
Eu sou a melhor irmã do mundo, eu sei, mas só porque ele é o melhor irmão do mundo.
* diz a Rádio Comercial