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"Olá,
Eu sou a Matilde tenho 2 meses e sou uma bebé especial, tenho um mano o Rodrigo que tem 18 meses e uma mana crescida a Thaís que já tem 11 anos!Com 1 mês e 2 semanas, foi-me diagnosticada uma doença rara Atrofia Muscular Espinhal - AME Tipo I, a forma mais grave da doença."
Com a miúda mais top que conheço, no alto dos seus quatro anos:
- Posso pentear o teu cabelo?
Podes claro.
- Que fizeste ao teu cabelo amarelo da princesa Frozen?
Pois... mudei-lhe a cor.
- Já vi. Sabes, eu gostava do cabelo da princesa Frozen.
Eu também, mas teve que ser. Não gostas deste?
- Gosto... (silêncio prolongado) mas gostava mais do amarelo. Este está escuro em cima, amarelo no meio e escuro no fundo. O da princesa Frozen era mais bonito.
...
...
As crianças não mentem. E não têm filtros ahah
Estava em casa da minha afilhada mais velha, quase a fazer três anos e ela pede-me colo para dormir. Já nos meus braços quase quase a adormecer eu começo a cantar-lhe alguma coisa, como sempre fiz para "adormecer melhor", qual não é o meu espanto quando ela olha para mim, arregala o olho e diz:
"Cala-te mainha, num cantes. Shiuu!" e aterra...
...
...
Eles crescem e uma pessoa nem dá conta, certo? (o que me ri!!)
Esta loucura de querer copiar tudo. De querer festas e mais festas. De deixar ir as criancinhas fazer o que lhes apetece. Do incentivar. Do perdoem-me, não educar.
Não sou de halloween. Não gosto dessas americanices ou do raio que os valha.
Mas mais que isso, não gosto do que esconde o dia das Bruxas e das crianças que podem ser autênticos diabretes sem mão dos pais.
No meu tempo não era nada disto, quando muito havia uns bailes de máscaras e uma pessoa mascarava-se se quisesse ia para esses lugares reservados a isso e fazia-se a festa. Quanto a farinhas só se fosse esconder doces, dentro de bacias com farinha e haver jogos de ir lá com a boca amarfanhar até encontrar um doce e ficarmos besuntados de farinha.
Agora nada disso. Diz a tradição do outro lado do mundo que as crianças vão a casa das pessoas tocam à campainha soltam um "doce ou travessura" e a coisa rende-lhes uns rebuçados, uns chocolates, um docinho vá. Caso contrário a travessura passa por deitar farinha, ovos ou sei lá bem, mais o quê.
Cenas parvas.
Então Maria, lá por estares velhota não tens sentido de "humor"?!
No caso não. Podem vir lá com as chibatadas mas é uma brincadeira de muito mau gosto quando levada a sério e sem mão consciente de alguém.
Este ano, também me vieram tocar à campainha, e já por causa disso, no fim do trabalho tinha corrido os supermercados à procura de doces e notava-se bem o desbaste que tinham levado à pala da "tradição".
E eu dei, ofereci rebuçados e chocolates, aos meus vizinhos e pequenos conhecidos que lá vieram, vigiados por um adulto. Os pequenos bem diziam "doce ou travessura" mas pasmem-se nem farinha traziam para uma travessura que fosse.
Tudo na paz portanto e no doce.
Até que, já perto da meia noite, na minha rua, começaram a aparecer uns grupos maiores de crianças. Um basqueiro descomunal, nada de adultos com eles. Com pacotes de farinha em punho e o diabo no corpo. Tal e qual.
E é precisamente aqui que mora e começa a estupidez.
Tenho um vizinho (casal na casa dos setenta anos) que já no ano anterior, não estando em casa neste dia, levou com um ovo na fachada da casa. Fachada que devido ao seu pico grosso ficou manchada, nunca saiu a mancha do ovo. Este ano, voltaram à carga, sem tocarem na campainha, mandaram-lhe outro ovo à casa e com o basqueiro vieram cá fora ver o que se passava e as crianças fugiram todas rua fora. Por muito que limpassem logo, o amarelado do ovo não sai da fachada. Mas que brincadeira mais estúpida é esta?
Na minha rua há uma casas cujos habitantes são emigrantes e imaginam o que aconteceu? Ovo na fachada.
Outra vizinha que jura que não lhe tocaram à campainha levou com uma camada de farinha num cromado da porta que o estragou. Ficou completamente manchada.
Fora fazerem isso a velhinhos que a essa hora já iam no terceiro sono.
Ovos em relva que no dia a seguir fica um cheiro terrível.
Em minha casa não fizeram nada este ano, no ano passado deitaram-me farinha no carro, mesmo depois da minha mãe ter dado doces. Se este ano o fizessem juro que corria atrás e lhes enfiava a cabeça em farinha até casa. Mesmo.
Mas há tantas histórias... Só pensam na parte "engraçada"(?!) mas não pensam nas consequências.
Na freguesia vizinha, acharam por bem evoluírem das farinhas e ovos, e com tintas deixaram marcas...
É claro que nessa situação acredito que já sejam jovens que infelizmente têm a cabeça oca.
Não consigo contudo perceber, como é que primeiro àquela hora deixam aquelas crianças andarem por aí sozinhas a fazer o que lhes apetece. Não consigo perceber a graça que é encherem os carros de farinha, principalmente em dias de chuva que aquilo fica uma autentica bosta. Não consigo perceber como crianças de dez anos, mais coisa menos coisa, andam à meia noite a fazer este tipo diversão parva com consentimento dos referidos pais. Não consigo perceber como não há quem lhes chame à razão, para que, a coisa podia-se fazer só por bem e deixarem as travessuras para as suas próprias casas. Aquela cena do não estragar o que é do outro se não queres que estraguem o que é teu é muito fixe. E na loucura devia ser regra a partilhar!
Abençoadas sejam as excepçoes (ou a regra oxalá). Aqueles que vão naquela de não incomodar ninguém e trazer doces. Aqueles cujos pais vão ou pelo menos lhes incentivam a não serem um incomodo. Aqueles que sabem quais as horas decentes para as crianças andarem na rua ou para tocarem a campainhas. E pessoas idosas não se incomodam, muito menos a horas tardias.
[ Ah e quem nunca tocou numa campaninha a saiu correndo? Eu já, mas não sei se estão a perceber, não é a mesma coisa. ]
Se querem importar tradições. Importem a boa onda O respeito e a educação.
Hoje é o primeiro dia de escola para todas essas crianças e adolescentes.
Uns iniciam aqui uma nova caminhada outros continuam a caminhada de anos anteriores.
Completamente diferente do meu tempo, hoje em dia a escola é todo um mundo diferente. Lembro-me que, quem me acompanhava à escola quando muito era a minha cadela, Fifi, pastora alemã. Isto na primária. Nunca os meus pais me levaram à escola. Inclusive até ao 12º ano. Mas já ir buscar... na primária a minha mãe teve que o fazer algumas vezes porque eu esquecia-me de ir para casa no fim das aulas e ficava a jogar futebol com os miúdos.
Hoje relembro os primeiros pensamentos de cada fase da escola.
Na primária: Temos todo este recreio para jogar futebol?
No ciclo: O meu cartão de estudante diz autorizada a sair! Os meus pais são uns fixes.
Liceu (para onde passei já no 7º ano): isto é que é escola. Só gandulos. Tantos campos de futebol. Não quero moral. Aquele café ali tem uns lanches capaz de me fazer chegar atrasada.
E foi isto.
Dá saudades. Agora. Porque no nosso tempo também com certeza tivemos a fase de não querer estudar mais, de não querer ir à escola. Daquilo ser uma seca. E devíamos ter aproveitado bem mais. Agora nesta vida de adultos, oh tempo de escola, volta! Isso e férias da escola é que era.
Bom ano lectivo. Aos meus pequenos. Ao meu sobrinho. Ao longe com eles no coração <3
Há quatro anos atrás.
Começaste uma nova etapa na tua vida. Lá longe.
Esta cena da distância das pessoas é do caraças. E por muito que nos dias que correm com as novas tecnologias dêem para suportar muita coisa, a verdade é que perdes tanto dos outros que te estão distantes. Nós somos uns seres que nunca nos satisfazemos com nada de jeito e não dá-mos graças áquilo que temos de bom na vida. Mesmo aquelas pequeninas coisas que até já são rotina e que nos fazem um dia acordar e dizer “porra, estou farta desta rotina”. Há mesmo quem não tenha essa rotina. Simples, fácil e feliz para muitos. Impossível para outros.
Hoje o meu pequeno vai para a escola. Está um crescido. Como o tempo passa. Hoje o pequeno vai para a escola e eu gostava de estar lá para ver, nem que fosse ao longe por entre os pingos da chuva e as grades da escola a ver como o mundo dele hoje muda. Hoje gostava de o ter visto a acordar e ouvi-lo dizer que estava com medo, estar lá, segurar-lhe na mão e conter as minhas lágrimas perante as dele. Gostava de ter tomado o pequeno-almoço com ele mesmo que à pressa. Gostava de o ter ajudado a pôr a mochila nova às costas e a apertar as sapatilhas do benfica que detesto. Hoje gostava de lhe dizer que ele vai conhecer novos amigos e que vai ter muitos, assim como no infantário. Que vai aprender muitas coisas boas e todos os dias vai trazer novas aventuras para contar. Gostava de lhe dizer que vai encontrar algumas Eduardas mas que também vai conhecer "Fernandos" a quem lhe vai apetecer apertar o pescoço. Hoje, gostava de o ter ajudado a entrar no carro e fazer com que até à escolinha risse com a palhaça que tantas vezes sou. Gostava de lhe ter dado a mão até ao portão da escola e dizer “isto passa rápido, já já estou aqui para te vir buscar”, ou que “depois logo passamos ali no Lido e brincamos um pouco”. Hoje gostava de ter saído da escola dele de coração nas mãos e derramar rios ao entrar no carro já longe da vista dele. Mas entre o querer e o poder há a merda da distância.
Hoje, passados quatro anos, estás um crescido. E acabas essa mesma etapa. Mais uma. És finalista. E logo logo começarás outra.
Continuo a ter a merda da distância a separar-nos. E uma vontade de tanta coisa como escrevi há quatro anos.
Hoje neste final desta etapa na tua vida, continuo aqui, longe. E estes ciscos nos olhos que vão pro rai’que os parta. Que me inervam. Ciscos nos olhos e quilómetros de distância. Grande merda.
Quando uma miúda de oito anos te diz após ouvir a conversa dos adultos em que alguém pergunta "quando te casas?":
-«acho que percebo porque estás sozinha. Hoje em dia é difícil encontrar-se um amor como o dos meus pais (casaram com dezoito anos e como eles dizem conheceram-se desde sempre). É difícil encontrares alguém em quem confiar. Ou se juntam novos e conhecem juntos, ou então depois quando és mais velha já sabes o que a casa gasta e tem-se medo de se magoar, ou de dar a oportunidade a alguém que vem só por vir e que nem dá para confiar. É triste, hoje em dia ninguém está para aturar ninguém e há mínima coisa vai um para cada lado. Pior mesmo é quando há filhos. Sabes que tenho na família uma prima que se separou do marido e quis ficar com filho, agora arranjou um namorado e quem lhe fica quase sempre com o filho é a mãe. Mas afinal de contas para que quis ela ficar como filho se agora só quer namorar e faz da avó, mãe do filho? É triste. Acho que te percebo. E acho que um dia, se as coisas continuarem assim também não vou ter paciência para aturar homens. Isso se não encontrar um amor como a minha mãe que dê para confiar para a vida toda. Assim mesmo como a Carolina canta»
Faz parecer só tão parvo todas as outras pessoas que insistem no "ainda não te casaste? E namorados? Filhos? Vais ficar solteira? Vais namoriscando? Não te juntas?"
A sério, uma "lição de moral" de uma miúda de oito anos. Ao que só lhe respondi "vais com certeza arranjar um grande amor, minha querida" e ela prontamente - «é o ter que ser».
Os miúdos surpreendem-nos quando pensamos que já nada deles nos surpreende.
Lá em casa com a piolha mai'nova sobrinha do coração, no alto dos seus três anos e pico, na sala ela vê o quadro da "Última Ceia" e pergunta-me:
- Aqueles são todos família teus?
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Em conversa via skype com o nosso "Pikeno":
- avô, avó e Maria subscrevam o meu canal no youtube!
Eu - Espera lá (eu com aquela cara de antiguidade), tu tens canal no youtube?
- sim tenho, criei um. Agora subscreve. Avô e avó vocês também sim?
Eu - Pikeno, o avô e avó não fazem a mínima o que é isso.
- Não? Como pode? Eles são mais velhos que eu, não deviam saber?
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