"Quem não se sente não é filho de boa gente". Tal e qual. Não poderia dizer melhor para começar este post.
Antes de começar a descambar, tivemos uma época boa. Nada fazia prever que as coisas chegassem a este ponto. Só quando começamos a perder pontos e a lidar com as imensas lesões é que tudo deu para o torto. Em contra partida foi nessa mesma altura, em que o nosso adversário mais directo ganhou força. E aproveitou.
Digo sempre que demos este campeonato porque não o soubemos segurar. Perdemos nove pontos quase seguidos quando estávamos numa fase de glória em primeiro lugar. E nem vou falar dos últimos pontos perdidos, depois de um jogo em que ganhávamos a dois e nos últimos dez minutos deixamos empatar numa fase crucial do campeonato que não se pode perder. Mas o problema esteve antes. Muito antes. Aquilo que não se conseguiu segurar.
Falar de arbitragens (quando vejo gente que comemora o campeonato orgulhosamente a envergar "colinho"!!) é dar valor aquilo que, pelos vistos não tem valor no futebol português e por isso não vou alongar a discussão. Todos já foram favorecidos, todos já foram prejudicados, houve escândalos demasiado óbvios para passar. Houve VAR que não serviu para nada. Mas eu continuo a crer acreditar no futebol. Nessa paixão que também a mim me move. Sem paralelismos. Más arbitragens. Emails. Frutas. Amigos do peito. Dinheiros... A ver.
Com o fim da época e campeonato, vem depois outra das minhas tristezas. A saída de jogadores. Se há alguns que não mexem tanto, outros há que fizeram parte desta família de corpo e alma e que os sinto tão Porto como eu. Herrera é nosso. Titular inquestionável. Bate a mão no peito com a convicção de que somos Porto. Abraça os nossos como família. Enfrenta os obstáculos com garra e foi um fiel capitão. Errou como todos erram. Mas é das saídas que mais me custa neste grupo. Neste grupo que vai ser abalado por diversas saídas e isso vai fazer (ainda mais) mossa.
Militão já está vendido algum tempo e acredito que agora valeria bem mais. Jogador espectacular. Duro. Sempre a dar tudo. Eficaz.
Telles. Como gosto quando ele corre de mão a estrafagar o emblema ao peito. Com aquela mística que abraçou, sendo ele um jogador à Porto, forte, convicto, preciso e bastante capaz. Titular inquestionável que deu, mesmo quando em dificuldade, tudo em campo. E que me trouxe lágrimas quando se lesionou e tentou mesmo assim estar lá. Grande Alex Telles. Que falta farás nas alas!
Felipe e aquele sorrisão que defendeu tantas vezes a fúria dos adversários. Que dava vontade de estrafagar num abraço de cada vez que falava e dava vontade de bater sempre que sorria até mesmo nos maus momentos. Carismático. Duro de roer. Raçudo. Vai fazer muita falta na defesa.
Marega é bicho duro de roer. Mas nunca foi o meu sonho quanto a finalização.
Brahimi e as suas loucuras com a bola. Foi um jogador que me dividiu tantas vezes entre o "és o maior" e o "apetece-me bater-te até te doer mesmo" de cada vez que pegava na bola e queria fazer tudo sozinho. Na verdade quando fazia em bom, era espectacular.
Casillas. Não falei dele aqui aquando do grande susto que defendeu com alma e garra na sua vida. O enfarte de miocárdio atirou-o para fora da sempre sua baliza. Todos, nós Porto, e não só, estremecemos naquele dia. Casillas entrou no Porto para ficar. Dedicou-se a elevar o Porto. Vem de outro patamar e demonstrou-o diversas vezes. No auge dos seus, hoje 38 anos (Parabéns Casillas!) foi sempre capaz. Foi lutador. Foi responsável. Foi líder. Foi "pai". Mística. Garra. Convicção. Paixão. Coisa que não lhe falta. A meu ver não voltará a defender as redes da baliza do nosso Porto. Em prol da sua saúde. Essa será também uma das grandes perdas deste grupo. Principalmente pela sua presença em campo. Experiência. Ensino. E sem dúvida, capacidade de gerir emoções. Vou aguardar pelas próximas notícias mas acredito que possa ficar na estrutura do Porto.
Sérgio Conceição. Um jogador do FCP vir a ser seu treinador é obra. Principalmente quando esse ex-jogador tem alma de dragão. Tem mística a correr-lhe nas veias. Tem sangue quente de um homem do Norte. Tem garra, peso, dureza e respeito pelo Porto. Por muito que digam que ele sai, eu não estou a acreditar e continuo a acreditar que permanece. Não foi um ano bom. De todo. E acredito que tenha dado bastante nas orelhas dos jogadores quando as coisas correram mal. Mas esteve lá sempre a dar a cara. Foi fiel aos seus princípios. E não me venham dizer que ele desrespeitou os adeptos, nomeadamente os "Super Dragões" porque discordo de todo. Aquela tensão deveu-se aos exageros que deveriam ficar de parte no futebol. No que é o Fair play, no que é o respeito pelo próximo. No que é o respeito pelo homem acima do posto de trabalho que ocupa. Não é por ser Portista de alma e coração que defendo todos os actos cometidos pelos mesmos. De todo. Repudio qualquer acto de violência, de desrespeito. Compreendo a cabeça quente em momentos complicados, mas não compreendo que se esqueçam que isto é só futebol e que deve ser um desporto saudável gerido por emoções passíveis e respeitosas para todos. Tudo o que ultrapassa essa linha, ultrapassa a minha paixão pelo futebol. Pelo jogo jogado. Pelas quatro linhas. Pelos jogadores que dão o litro. Pela emoção de ver os nossos conquistarem vitórias.
Continuo sempre a pedir que demonstrem aquilo que sempre me apaixonou. A mística, a garra, a confiança, a luta, o empenho, a atitude, a alma, o dar tudo por tudo de mão ao peito de orgulho. Ser Porto. É isto. Mas não foi. Falhou. Falharam. Em alguns momentos falharam todos. Logo falhou a equipa.
Não deixem.
Assim como eu não deixarei de amar de alma e coração o [meu] Porto, não o matem.
Classificação época 2018/2019:
1º Benfica
2º Porto