[Fotografia - Marisa Rodrigues/JN ]
Hoje bem cedo, ainda estava eu deitada na cama, meia a dormir meia acordada, com a porta do quarto entreaberta, ouço as notícias da rádio que a minha mãe tem sintonizado na cozinha. O alerta para uma caloira que esta noite, depois de uma praxe mal sucedida na praia em faro deu entrada no hospital. Falava-se de álcool e pessoas enterradas na areia. Levantei a cabeça porque aquilo evacuou logo qualquer tipo de morrinhice que se apodera de mim antes mesmo de me levantar. A minha mãe chega ao quarto e diz “ouviste esta? Mais uma caloira que foi parar ao hospital porque uma praxe correu mal na praia. Eles não têm já maus exemplos para fazerem estas merd@s na praia à noite?” gente estúpida mãe, saiu-me.
Agora pensando melhor… há gente muito estúpida mesmo, ainda não consegui perceber bem se mais são quem manda praxar se quem tem a dignidade de se deixar enterrar na praia, à noite e enxofrar álcool como se não houvesse amanhã.
Esperem, esta caloira num amanhã será uma “doutora” com um curriculum pessoal/social muito mais abonatório com o facto de ter feito esta praxe. 5 valores a mais. Digo eu, mas isto é atirar para o ar, não sei bem porque não estou a par da diferença de qualificação dada à estupidez e à verdadeira importância de ser-se bom no curso que se faz.
“Ahh mas tu não percebes Maria, faz parte. As praxes fazem parte da caminhada universitária.” Pois diz que sim. Mas desde quando é que uma praxe tem que passar por pôr em risco a saúde, o bem-estar, o respeito por nós, a nossa dignidade?
" A praxe consistia em enterrar os jovens na areia próximo da água de forma a que pudessem estar imobilizados enquanto lhe eram dadas, à boca, bebidas alcoólicas.
A jovem sentiu-se indisposta e teve de ser transportada de ambulância para o Centro Hospitalar do Algarve. À hora de fecho desta edição, estava na urgências a ser avaliada.
(...)"A preocupação deles era tapar os buracos que fizeram na areia antes da chegada da GNR e da Polícia Marítima. A maré entretanto subiu e levou parte do vestígios", garantiu. Nas imediações, nos caixotes do lixo, eram visíveis dezenas de garrafas de bebidas alcoólicas."
daqui
Depois trazem-nos memórias do ainda não tão longínquo e trágico acontecimento do Meco. As pessoas morrem, ninguém é culpado e a estupidez humana aumenta a milhas.