Peripécias deste lugar à beira Pólo Norte plantado.
Acordo, abro a janela e está tudo branquinho, aquela camada fina entre a neve e o gelo. Ouço na rádio “as temperatura vão baixar”. Rio-me. A sério? Trezentas e sessenta e duas voltas depois, tenho a coragem de sair da cama e desenrascar-me para ir trabalhar. Chego ao carro, completamente coberto com um manto branco e a porta nem abre. Bonito. Lá vai ter que se pegar na mangueira. O pior e que está tudo congelado e até a água parece que está com frio. Meia hora depois há água para tentar abrir o carro. E deitas água e ela congela imediatamente. Está bonito está, penso. E vai de ter o vidro dianteiro mais ou menos visível e arranco à minha vidinha. Esqueço porém que para me meter à estrada no cruzamento preciso de ter o vidro do outro lado limpo, que senão é como tentar a sorte na roleta sendo que a probabilidade de me estrafulhar ali mesmo com um carro é grande. E tento abrir o vidro mas em vão e tudo o resto em vez de ir descongelando tem o processo contrário. E eu até fazia marcha atrás, mas não vejo nada. E ali mesmo naquele impasse ouço o sino da igreja e faz-me lembrar o toque nas escolas para entrar. E eu estou tão longe do trabalho. Até que alguém se lembra de passar e ajuda aqui a Maria a meter-se a caminho. E depois os carros vêm a vinte porque está tudo branquinho cheio de gelo. E não posso vir pelo itinerário normal porque nestes dias é extremamente perigoso. Venho pela segunda opção e encontro um nevoeiro de dar dó.
O carro marca 0 graus. Nas montanhas vê-se neve. É amanhã. Tenho fé. É amanhã que temos neve na terrinha!
Porque vocês sabem, eu moro ali um bocadinho abaixo do Pólo Norte.
____________________________________________________________________________________
Adenda:
Este post esteve em destaque na página principal do SAPO (www.sapo.pt) Obrigada!