Há 17 anos a contrariar o desemprego.
E principalmente enquanto mulher, o quão bom é conseguir isto.
Às vezes acham só fácil quando digo que trabalho há tanto tempo na mesma empresa, como se tivesse tudo controlado e como se, isto fosse "peanuts". Como se fosse só a minha zona de fácil conforto. Acreditem, não é. Continua a ser como há dezassete anos atrás. Uns dia bons outros menos bons. Uns dias a gostar muito de cá estar outros a querer só ir embora e desistir. Dias com sentido de crescimento outros de muitas insónias e fadiga a atropelar as outras rotinas. E este é o sinal mais evidente de como me consegui manter aqui tantos anos após aqueles primeiros dias de incertezas, medos, lágrimas e onde pensei não aguentar uma semana. Às vezes encontramos forças em não desistir e em querer superar-nos todos os dias. E isto é um exemplo disso, de superar expectativas, de não ir pela primeira impressão, de calar e saber falar na hora certa, de resiliência e determinação. Porque ter trabalho é também muito isso. E dá trabalho.
Isto é família. A estrelinha da sorte, que também é preciso ter num trabalho de dezassete anos na mesma empresa, é esta de me sentir com pessoas casa. Que se preocupam. Que estão quando têm que estar. Que nos fazem sentir parte - eu já mobília, é certo. Que nos metem em posições de destaque por mérito próprio de acreditarem tanto quanto nós mesmos que isto, afinal, resulta. Que me fizeram ver que trabalhar só com homens foi o melhor que me aconteceu, que nunca me diminuíram por ser mulher e que nunca me facilitaram a vida pelo mesmo motivo. Isto é respeito. Igualdade.
Apesar dos dias não, que todos os têm, tenho a melhor equipa e o melhor ambiente, isto traduzido em euros não tem preço. E no final do dia, pelo bem da nossa saúde mental tudo tem que ter peso na balança.
Mas é com o passar dos anos que uma pessoa aprende, que o mundo do trabalho é um bocadinho diferente daquilo que achamos quando saímos da escola e que na realidade sabemos pouco ou nada.
Às vezes tenho saudades da menina que aqui chegou cheia de esperança no olhar e uma inocência própria dos vintes. Mas o trabalho molda-nos, faz-nos crescer, ganhámos calo de muitas situações e formamos a nossa personalidade a cada novo dia.
Isto tem dias que é de loucos, mas de loucos todos temos um pouco, certo?
Agora acreditem, isto não é conforto, é provar todos os dias que o merecemos.
E eu mereço. Venham mais!
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