Esperança
Um dia ensinaram-me, mais que ouvir falar, quem tem esperança tem tudo e acredita nela com toda a força para que toda a energia positiva seja reencaminhada por essa mesma esperança. E fé.
Em dias melhores.
Preciso só de mandar isto para o ar, neste um mês e uma semana que passou, o mundo deu um trambolhão, só porque eu não dou nada por garantido e tenho bem os pés assentes na terra sobre o que não é a eternidade dos nossos, o "problema" é que eu sou muito família. Sou mesmo. Sou muito os meus. Preocupo-me demasiado até, se estão a respirar bem se não, se não caem, se não lhes dói nada, se se sentem bem, se querem vir comigo aqui e acolá. Nunca os deixei para trás só porque sim. Gostei sempre que me fizessem companhia onde quer que fosse, gostei sempre de os levar a passear, onde nunca antes puderam ir. Não confundam com menina dos papás. Nunca fui a mimada, nunca tive grandes privilégios materiais, mas sempre tive amor (o maior e melhor privilegio).
Há um mês atrás saímos de casa a pensar que ia só ali ver se estava tudo bem com ele e ele já não voltou para casa connosco. E pela primeira vez na vida vi-me a "virar-lhe" as costas enquanto vinha para casa e ele ficou internado.
Oh pah, vou ser mesmo sincera, aquilo bateu-me de uma maneira que não consigo explicar. Porque nos passa tudo pela cabeça, porque tive um medo infinito de o perder, porque não sabia como ia ser o dia de amanhã, porque estava também eu mal e vinha de um ano que me deixou mal. Porque era o dia a seguir ao Natal. Porque é do caraças não conseguires estar positiva quando a tua essência é ser positiva.
Neste mês que passou, nesta montanha russa de emoções diárias, de imunidade em baixo, de tpms reforçadas, de rabugice contra o mundo, de baixar os braços assim que se chega a casa, de não querer falar com ninguém mas de querer abraços, do meu aniversário que não me soube, de toda uma correria diária e de todo o ambiente hospitalar diário que por si só é todo um mundo paralelo cheio de historias, emoções e bichezas... foi um mês e mais uns trocos do caraças.
Doeu e dói.
É cansativo mas não deixa de ser esperança e fé em dias melhores, mesmo que, no fundo a gente saiba que os dias melhores estão longe de ser dias como gostávamos que fosse e que nada irá mais ser como antes mas que seja o melhor dentro dos possíveis.
Na verdade é do caraças vermos os anos a passar e o mundo a envelhecer ainda que, na maior parte dos nossos dias, nem a vida e o seu ritmo acelerado nos permita perceber o quão rápido isto é.
Neste país que não é definitivamente para velhos mas que eu só quero ter esperança.