Das más experiências.
Faz hoje uma semana que da parte da manhã tive que ir fazer umas análises. Aconteceu-me o que nunca me tinha acontecido mas já tinha ouvido bastante falar. Principalmente quando falo por aqui de doarem sangue. Muitas das razões que me dão recaem sobre a vez que foram e a coisa não correu lá muito bem porque a analista/enfermeira não era do melhor e a experiência ficou para não repetir. A verdade é que sendo eu até uma pessoa que gosta de ver a agulha a entrar na veia sem desviar as vistinhas a ver se tudo corre bem nunca achei isso um problema assim tão grande, ou melhor não achei eu que houvesse alguém a trabalhar aí que percebesse o mesmo que eu, ou seja nada, de tirar sangue. Aliás depois do que vi, quando tal faço mestrado há quantidade de vezes que tiro sangue entre doar e análises.
Pois bem encontrei uma senhora que enquanto me lembrar da cara dela é melhor ela manter distância. Ela olhava para os meus braços como quando eu olho para alguém que vai plantar batatas e eu não faço a mínima como fazer sequer os carreiros. Apertou-me o braço ali rés-bés Campo de Ourique com o estrangalhar-me o dito e pegou no algodão e passou no braço ali nas veias uma vez. Duas vezes. Cinco ou seis vezes. Pensei, ou é de mim e eu tenho o braço sujo ou ela não vê um chavo de veias à frente. Se quiser tirar do braço direito as veias são mais salientes, digo-lhe eu. E ela fez aquela cara de quem vê a luz ao fundo do túnel. Arregaça o direito aperta de tal maneira o braço e vê ali uma veia toda catita. Essa mesma, digo eu, ainda há uma semana saiu daí meio litro de sangue. Ela sem dó nem piedade especta a agulha. O sangue começou a sair a medo, aquilo a doer-me e ela não parava de mexer na agulha, às pinguinhas ia caindo qualquer coisa. Tira o primeiro frasco, nem um quarto de sangue tinha, olhando-o disse “este chega”. Saca de outro frasco e nem gota. Não saía pinta de sangue. A desgraçada mexe no frasco para aqui, para ali, para acolá. Torce para um lado, torce para o outro. E eu ali mesmo a desfalecer e a ver a minha vidinha a andar ó para trás. “O frasco deve ter um problema é que não sai nada” disse. Deitou fora novo frasco e nada. Nem pinta de sangue. Aquilo estava nitidamente no sítio errado, como é possível? Eis que teve uma brilhante ideia retira um bocadinho da agulha e vai de a enfiar como se não houvesse amanhã no braço, quase a sair do lado oposto e eis que nos entretantos saiu alguma coisa. Faz pressão na agulha coisa que nem dói (o tanas é que não!) e saíram umas míseras gotas de sangue. Já chega.
Houve ali uns segundos que ao olhar para a dita senhora lembrei-me de uma professora de matemática do secundário que uma vez em plena aula disse que o que gostava mesmo de fazer era a massa e “acartar” os baldes de massa na empresa de construção civil do pai. Nesse ano a minha turma chumbou toda a matemática. Tava explicado. Nem toda a gente é vocacionada para aquilo que segue e há alguns que falham redondamente nisso.
A sério só de me lembrar daquela bestinha a tirar-me sangue até se me contorce o estômago.