Ciscos nos olhos e quilómetros de distância. 4 anos depois.
Há quatro anos atrás.
Começaste uma nova etapa na tua vida. Lá longe.
Esta cena da distância das pessoas é do caraças. E por muito que nos dias que correm com as novas tecnologias dêem para suportar muita coisa, a verdade é que perdes tanto dos outros que te estão distantes. Nós somos uns seres que nunca nos satisfazemos com nada de jeito e não dá-mos graças áquilo que temos de bom na vida. Mesmo aquelas pequeninas coisas que até já são rotina e que nos fazem um dia acordar e dizer “porra, estou farta desta rotina”. Há mesmo quem não tenha essa rotina. Simples, fácil e feliz para muitos. Impossível para outros.
Hoje o meu pequeno vai para a escola. Está um crescido. Como o tempo passa. Hoje o pequeno vai para a escola e eu gostava de estar lá para ver, nem que fosse ao longe por entre os pingos da chuva e as grades da escola a ver como o mundo dele hoje muda. Hoje gostava de o ter visto a acordar e ouvi-lo dizer que estava com medo, estar lá, segurar-lhe na mão e conter as minhas lágrimas perante as dele. Gostava de ter tomado o pequeno-almoço com ele mesmo que à pressa. Gostava de o ter ajudado a pôr a mochila nova às costas e a apertar as sapatilhas do benfica que detesto. Hoje gostava de lhe dizer que ele vai conhecer novos amigos e que vai ter muitos, assim como no infantário. Que vai aprender muitas coisas boas e todos os dias vai trazer novas aventuras para contar. Gostava de lhe dizer que vai encontrar algumas Eduardas mas que também vai conhecer "Fernandos" a quem lhe vai apetecer apertar o pescoço. Hoje, gostava de o ter ajudado a entrar no carro e fazer com que até à escolinha risse com a palhaça que tantas vezes sou. Gostava de lhe ter dado a mão até ao portão da escola e dizer “isto passa rápido, já já estou aqui para te vir buscar”, ou que “depois logo passamos ali no Lido e brincamos um pouco”. Hoje gostava de ter saído da escola dele de coração nas mãos e derramar rios ao entrar no carro já longe da vista dele. Mas entre o querer e o poder há a merda da distância.
Hoje, passados quatro anos, estás um crescido. E acabas essa mesma etapa. Mais uma. És finalista. E logo logo começarás outra.
Continuo a ter a merda da distância a separar-nos. E uma vontade de tanta coisa como escrevi há quatro anos.
Hoje neste final desta etapa na tua vida, continuo aqui, longe. E estes ciscos nos olhos que vão pro rai’que os parta. Que me inervam. Ciscos nos olhos e quilómetros de distância. Grande merda.