SorrisoIncógnito

Ontem ao meu lado sentou-se uma senhora mais ou menos na casa dos quarenta e muitos, cinquenta anos a qual parecia-me um pouco nervosa e eu perguntei-lhe se era a primeira vez, naturalmente respondeu que sim. Que já há muito queria dar mas nunca tinha dado, decidiu que ontem era o dia. «Custa?» perguntou-me. Não, nada disso, não custa nada. Aproximou-se uma enfermeira para começar o processo e perguntou à senhora se ela se sentia bem, ela respondeu-lhe que era a primeira vez e que só queria saber se lhe ia custar dar sangue. A enfermeira com um sorriso no rosto respondeu-lhe «sabe, estar aqui é ser corajoso, a única coisa que custa é dar o passo de vir cá a primeira vez, depois não custa nada». Eu encostei-me na cadeira a olhar para o meu sangue a sair e sorri. A resposta da enfermeira foi a melhor e a que melhor caracteriza o acto de ir doar sangue.

Sejam corajosos no acto de dar sem olhar a quem. Acreditem, é uma boa sensação.

[ Fotografia by Célia Lopes ]

Acho mesmo que já chega de adiarem, de arranjarem desculpas, do hoje não posso, hoje não me dá jeito, ah não sei se eu e agulhas somos compatíveis, do não vale nada sou só mais um e lembrem-se que cada um pode e faz a diferença. Todos temos tempo para o que queremos, se realmente quisermos. E não é história o ajudar hoje por este ou aquele amanhã por nós talvez, não é história porque as coisas acontecem e ninguém, mas ninguém mesmo está livre, não pensem que acontece só aos outros, basta estar vivo e podemos ser nós mesmos a precisar, ou um filho, um irmão, um pai ou uma mãe, um amigo, o nosso amor… tenham a consciência que ao serem dadores podem contribuir para finais felizes, para sorrisos, para lutas com vitórias, para vidas! Está nas nossas mãos ajudar o próximo sem olhar a quem. Eu sou dadora de sangue e de medula óssea e fico sempre triste quando com orgulho o digo e me olham com aquele olhar “Calma, não vais salvar o Mundo”, porque a verdade é que não vou, mas posso salvar o mundo de alguém e haverá algo mais gratificante? Por um Rodrigo que tanto lutou mas infelizmente não conseguiu e por todos os outros que estão a travar essa luta, por todos aqueles que irão travar, sejam dadores. Sejam dadores e passem a mensagem, não fiquem só por passar a mensagem sem sentirem que o devem também fazer.

E como já aqui o disse e volto a repetir, mais que dizer que quem pudesse deveria dar. Mais que dizer que é bom ajudar quem precise. Mais que gostar de dizer-se que se é solidário. Mais que fazer um like no facebook ou partilhar uma mensagem de ser-se solidário é sê-lo. Mais que tudo é ser-se realmente solidário. É fazer o gesto e não enaltecer apenas quem o faz. É ajudar.

Terão sempre uma equipa pronta a tirar todas as dúvidas que possam surgir e a mimar-vos um bocadinho se precisarem. Esta é uma causa não minha, nem tua, mas de todos nós.

Ajudem! Sejam dadores!

Já há uns tempos que sou dadora de sangue, com muito orgulho, porque sinto-me sempre um bocadinho melhor e diferente quando o faço.  Já há muito que tinha também intenções de me inscrever como dadora de medula óssea. Mas como não fico propriamente perto de um centro de histocompatibilidade e quando havia colheitas mais perto por determinados motivos nunca me foi totalmente possível foi-se adiando. Adiou-se até hoje. Hoje foi o dia de ir doar sangue e como agora o IPST recolhe também para medula óssea, foi o dois em um. Muito simples e prático. E como saí de lá? Solidariamente mais satisfeita. Acreditem.

:)

Depois de muitas notícias e políticas pelo meio sobre os dadores nacionais, sobre as dádivas de sangue terem sofrido uma grande queda após a retirada de benefícios que os mesmos recebiam tais como a isenção das taxas moderadoras, foi com grande satisfação que na passada sexta-feira ao me dirigir ao centro de saúde da minha zona onde estava instalada a equipa do Instituto Português do Sangue e da Transplantação,IP.,  que constatei que estavam mais pessoas, que nem por isso diminuíram a ajuda, mesmo sendo maioritariamente mulheres, (HOMENS porque não ajudam??). Ainda há pessoas boas, que não esperam algo em troca, ou pelo menos que têm a consciência, como eu tenho, que dá-se o que um dia se pode precisar que alguém tenha feito o mesmo, se nunca precisar óptimo.

O gratificante é hoje receber a mensagem do IPS a agradecer a «generosa dádiva», que está tudo bem e que esperam por mim daqui a quatro meses. Eu já fiz a minha parte, nunca é demais pedir, pensem!

Mais informações aqui.

Vou só ali ser um bocadinho solidária e sentir-me muito melhor. Façam-no vocês também, porque sempre há onde perto de nós e não custa nada. 

Bom fim-de-semana!

Doar sangue. Daqui pouco lá vou eu. Porque quero. Porque sim. Fora todas essas confusões que por aí andam com o Instituto Português do Sangue. Porque não sou só de dizer que se deve ajudar. Eu ajudo ou procuro ajudar.

Porque não vais tu também?

:)

Vai haver foto a testemunhar a coisa no facebook, não apropriada a pessoas sensíveis.

ir novamente dar sangue. Mais que dizer que quem pudesse deveria dar. Mais que dizer que é bom ajudar quem precise. Mais que gostar de dizer-se que se é solidário. Mais que fazer um like no facebook ou partilhar uma mensagem de ser-se solidário é sê-lo. Mais que tudo é ser-se realmente solidário. É fazer o gesto e não enaltecer apenas quem o faz. É ajudar.

Não, não me deu o fanico mesmo depois de sair de lá mais leve 500 ml de sangue. Foi em tudo positivo, no doar e na experiência, não custou nada. Em troca do meu sangue ainda me deram lanche à chegada e não me deixaram sair de lá sem emborcar outro bolinho e outro suminho. Foram uns queridos. Sempre a perguntar como eu estava. Uma experiência a repetir com certeza só se não puder. Mesmo depois de responder a tanta pergunta vale a pena. Quem se sentir saudável aconselho a fazer. Um dia pelos outros um dia por nós.

A menos que me rejeitem, que não o queiram ou que me dê o fanico. Hoje vou doar sangue pela primeira vez!