Eu joguei futebol durante alguns anos, ainda que nada de profissionalismos, a maior parte dos torneios em futebol de 5. Aqui no blog sempre fui de salientar como adoro futebol. Os meus amigos que resistem dessa altura sabem que o que eu gostava era de um futuro no futebol, mas aos dezassete anos esse futuro foi-me tirado mas continuo a amar futebol. Sim sou daquelas mulheres que sabem o que é um fora de jogo e que troca ir ver lojas de roupa por um bom jogo de futebol. Quando jogava era defesa direita. Não me competia directamente a mim marcar golos, quando o fazia enchia o peito mas o que eu queria mesmo era proteger a minha colega guarda-redes e a nossa baliza. Sempre que havia livres ou penaltis a Maria era chamada, eu tinha um pontapé forte sempre diziam e eu própria sentia firmeza no meu pé direito. No momento em que ajeitava a bola em frente à baliza adversária, por dentro era um turbilhão de emoções que eu tinha que controlar, muitas foram as vezes que sentia as minhas pernas tremer como varas verdes mas acho que não passava essa ideia, estava ali para jogar, chamavam-me para marcar a ultima coisa que podia demonstrar era medo do erro ou de uma possível falha. Esse medo é terrível mas não o podes deixar vencer. Atrás da baliza juntavam-se os adeptos adversários e chamavam-me trinta por uma linha, riam-se, tentavam tirar-me a atenção. Ainda que nem sempre tenha conseguido fazer o que me era pedido ou sair de lá com uma vitória, dei sempre o meu melhor, eu e as minhas colegas era essa a consciência que trazíamos sempre. Mesmo nos dias não e todos temos dias não. E são precisamente nesses dias em que tudo nos corre mal, em que todos nos apontam o dedo, nesses dias que nós próprios nos desiludimos em que temos a noção que podíamos ter feito melhor, mas as coisas nem sempre são assim.
O Ronaldo ontem relembrou-me esse tempo. Esse tempo em que eu falhei, em que chorei baba e ranho nos balneários e que sair cá para fora era uma dor, qual zanga de namorados qual quê! Ontem ele esteve mal. Eu quero acreditar que ontem o Ronaldo estava mesmo num dia não. Ele capitão de equipa borrou-se de medo e não o disfarçou sequer cara a cara com a possibilidade de golo de mão beijada. Não aguentou a pressão. E não foi só uma vez. Nem uma habilidadezinha para enganar (neste caso) o guarda-redes que tanto gosta de fazer, fez! Parece imperdoável, como pode ser talvez o melhor do Mundo e falhar assim? Eu não sou fã dele, da pessoa (bastante humilde not) que ele é, mas admiro o jogador que ele é e como humana que sou sei que errar é humano, ele é humano. Eu quero acreditar que ele estava mesmo num dia não. Em que por mais que se esforçasse a coisa não lhe correu bem até porque ele mais que ninguém tem a noção que milhões de olhos estavam grudados nele e o falhar só a ele iria prejudicar. Teve (e tivemos) a sorte de uma estrelinha chamada Varela entrar em jogo e marcar um golo com uma convicção de tirar o fôlego. Caso isso não tivesse acontecido e depois da onda anti-Ronaldo que hoje está aí, a derrota só caia numas costas, nas dele. Eu quero acreditar que ontem o Ronaldo estava mesmo num dia não e espero que ele frente à Holanda tenha um dia melhor sinceramente, para bem de todos.
No geral parabéns à equipa, gostei do jogo impossível para doentes cardíacos apesar das falhas na defesa do loiro-com-um-sorriso-cínico-que-só-ele Bendtner.
Parabéns ao Pepe não só por ser o homem do jogo, que o foi, mas porque vejo nele uma enorme sinceridade quando beija o emblema da selecção portuguesa ao peito. Isso arrepia-me!
Foram 94 minutos perfeitos para aliviar todo e qualquer tipo de stress e tensão que trazia acumulada. Esgotei todo um palavreado que filmado não passaria de um simples Piiiiiii constante. Venha o próximo jogo, que eu cá gosto destas emoções. Venha a Holanda e que seja mais uma vitória nossa!