Memória (fotográfica) interna!
Nós marcamo-nos muitas vezes por piores momentos na vida, se calhar lembramos bem mais dos piores do que dos melhores, porque os melhores queremos sempre mais e os piores, são aqueles que quanto mais queremos esquecer, mais se infiltram. Já aqui disse que o último Novembro foi-me doce, o melhor mês do ano passado, aquele Novembro que se eu chegar mais ali à frente vou-me lembrar sempre e apesar dos pesares está na parte boa dos momentos. Faz hoje precisamente um ano que, a minha memória não me falha, lembro cada detalhe do dia 11/11/2012. Tão precisos, esses detalhes que de tão bons me sabem agora tão mal. Lembro-me inclusive das roupas que vestíamos naquele dia, eh pá estávamos giros, dos cheiros e dos passos. Lembro-me do jantar e das gargalhadas com aquele olhar tão cúmplice que me perta o coração e me faz sentir apaixonada só de me lembrar. Lembro-me até que na televisão via-se futebol e que numa mesa próxima estava um familiar meu. Gostava de nestas alturas não ter uma memória quase fotográfica. Mas tenho. A verdade é que daquele dia tenho. E se fechar os olhos, lembro-me das mensagens, das palavras ao ouvido. Da música que se ouvia. Do silêncio abafado pelo bater de dois corações perdidos, um pelo outro. Do abraço. Oh aquele abraço. Há um ano atrás, o dia de S. Martinho, domingo, foi-me tão especial como se fosse escolhido a dedo, meticulosamente preparado de tão surpreendente e inesperado que foi. Num dia frio de sol, numa noite de luar quente. Consigo fechar os olhos e sentir aquela sensação desde que disseste que estavas a chegar até quando me despedi e subi as escadas olhando para trás com um sorriso parvo cravado no rosto e pois claro, na memória. Até me deitar sobre a cama pequena para tanta emoção e até receber a mensagem com aquelas palavras que claro está ficaram cravadas cá dentro como se de uma lápide se trate e talvez por isso, não há chuva nem sol, não há sorrisos nem lágrimas, não há felicidade nem tristeza, saudade, desilusão ou distância que apague. Estará ali para todo o sempre, como tantos outros momentos que ficaram e como tantos outros que espero que fiquem. Sentidos. A vida é feita disso. E por mais que, um dia, como o de hoje, eles doam ao ser sentidos é sinal que vivemos. E é isso que faz sentido. Por mais que doa. Faz, todo o sentido.