Isto às vezes é dífícil, caramba!
Saio de casa, entro no carro, ligo o rádio e lanço-me à estrada. Choro. Choro e choro e quanto menos o quero fazer, porque me dirijo para o trabalho e os olhos vermelhos e inchados não dão jeito nenhum…mais choro. É como se estivesse a cometer um pecado, ali sozinha perante todo um mundo pelo qual passo, a solidão apenas isso me faz companhia. E não partilho essas lágrimas com ninguém. Ninguém. Sou até capaz de abrir a janela e sorrir, não que seja um sorriso cínico, mas ninguém tem nada a ver com a minha dor. Ninguém. E é essa dor que tem dias e não larga. Que acordas e sentes que tudo é tão difícil, que não estás nem vais conseguir ultrapassar. E depois lembras-te que há tanta gente a sofrer por coisas bem mais graves e vivem. És muito parva, penso. Não sou hipócrita e essa constatação dura apenas uns segundos na minha cabeça porque é o meu sofrimento que me está a apertar o coração. E continuo a chorar. E chego ao trabalho, olho o retrovisor e limpo as lágrimas, arregalo os olhos, abro a porta do carro e volta tudo. Todo o choro, todas as lágrimas a caírem pelo rosto e eu apenas a pensar pára com isso. Há dias que dói mesmo muito, caramba. Há dias que apetece largar tudo, pegar um avião e aterrar bem do outro lado do mundo com um coração despedaço e um rastilho de esperança.