Happy Birthday!
TO ME ♥
O ano passado foi ali rés-vés Campo de Ourique com os 30. Este ano é em cheio, na mouche, no ponto (dizem!).
:) :) :)
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TO ME ♥
O ano passado foi ali rés-vés Campo de Ourique com os 30. Este ano é em cheio, na mouche, no ponto (dizem!).
:) :) :)
"Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'
No meu quarto, o quadro de amigos continua lá e é agora que paro, olho e penso que quem lá está merece, por mais que as pessoas se vão afastando, não retiro ninguém. Há pessoas que nunca lá foram parar, mesmo andando perto e não faz mal nenhum, acho que conscientemente as coisas certas fazem-se. Só ainda lá resta uma fotografia que tem que ser retirada a seu tempo e a meu. As amizades, olhando para trás são pedaços nossos que passam pelos outros, por aqueles que passam por nós. Há amigos que são de sempre e há os que não são de sempre mas são para muito tempo e depois há aqueles que se confundem e passam por amigos mas não o são. Aos quase 30 tens mais essa noção, ninguém está por estar, e quem o faz não sabe o que é ser amigo. E há muitos que ainda o fazem. Depois há os que dizem o que têm a dizer a quem merece e tudo o resto não interessa. E a mim satisfaz-me eu não ter que dizer nada, quando me conhecem. Lá está quando são Amigos...
Parece que o conceito "What happens in Vegas stays in Vegas" se aplique ao caso. Ou querem. Não acho de todo correcto quererem fazer do conceito praxes, este conceito, muito menos quando se dá a morte de seis jovens perante um. Acredito que é tudo muito bonito quando tudo corre bem e o que se passou "ali" fique "ali". Aqui algo correu muito mal. "Dura Praxis, Sed Praxis" é um conceito que tem que ser repensado. Não querendo generalizar, generalizando, todos (os que andaram na universidade e os que não) sabemos que há praxes e praxes. Mas cada vez mais nos tempos que correm sou da opinão que muitos seguem apenas o que lhes dizem para se inteirarem e serem aceites, para serem fixes, para serem dos "in". Assim como acho que muitos há que gostam de andar na linha do limite. Eu acho que há muita coisa por contar e que, na realidade, deve ser contada.
Há pessoas que fazem o pequeno-almoço cheio de amoras, framboesas e mirtilos. Depois existo eu, que fui ontem ao continente, peguei numa embalagem com 5 amoras, 10 framboesas e uns 20 mirtilos (e aquilo é pequenino) vejo o preço (cerca de 5€) e penso, está quieta Maria que isso não te satisfaz como o pãozinho com manteiga. Eu tentei.
"Veste-te mal e notarão o vestido. Veste-te bem e notarão a mulher"
A propósito deste post que foi destacado pelos Blogs do Sapo tive conhecimento do género de um desafio em termos de poupança a fazer ao longo do ano. Pelo que parece consiste em todas as semanas pôr de lado um montante, neste caso equivalente ao número da semana (exactamente como na imagem) e se o fizermos, no final de um ano teremos poupado 1378€. É assim, nas primeiras semanas parece-me fácil conseguir pôr de lado 1€, 3€, 5€… mas ao fazer contas, por exemplo só no mês de Dezembro (4semanas) tem que se pôr de lado 202€. Não é fácil. Não dá para todos. É realmente uma grande quantia, quando infelizmente os tempos estão como estão. Uns aprovam outros não. Na minha opinião, tudo o que seja tentativa de poupança está óptimo. Porque acho que na realidade o que interessa é termos um objectivo e um caminho traçado e tentarmos ir por ali, caso contrário perdemos o rumo de querer poupar alguma coisa e um dia ou noutro vão-se aqueles trocos que eram para estar de lado. Eu vou tentar. Se vou conseguir não sei, mas achei interessante a ideia. Como acho que desta ideia há muitas outras que se podem tirar e tentar seguir ajustando-se claro às possibilidades de cada um.
Vou dar uma experiência minha e a única que segui quando (claro está) a tracei. Quando deixei de fumar, decidi que o dinheiro que gastava em tabaco era óptimo para pôr de lado. Mas tinha mesmo que o pôr porque se ficar só naquele de dizer que poupa-se uns trocos não fumando mas não o puser de lado, ele vai-se. Eu peguei num mealheiro e consoante ia contanto as semanas, e vitórias, de ter deixado de fumar, todas as terças-feiras, 10€ (não me guiei pelo que gastava, foi um valor que propus apenas) eram colocados nesse mealheiro. E assim foi, não falhei uma e alem do mais, aos fins-de-semana, quando me lembrava lá ia mais uma nota de 10€ lá para dentro porque tinha a consciência que, era aos fins-de-semana que fumava mais. No mínimo ao fim de um ano 520€ tinham que estar naquele mealheiro (e foi assim que viajei de férias à pala de poupar os trocos do tabaco). Pode ser pouco, mas o que interessa é tê-lo feito, com mais ou menos poupança. Porque é tudo muito bonito em dizer que poupo não fazendo isto ou aquilo, mas na realidade se ele ficar ali, não se gasta noutras coisas?
"Desde manhã que as televisões mostravam em contínuo o funeral de Nelson Mandela, “foi um grande homem mas já estava farto”, conta António Soares, por isso, não estava verdadeiramente atento ao que se estava a passar no ecrã quando viu passar um rodapé, lembra-se bem, era em fundo azul: “Cinco jovens desaparecidos no Meco.” Mais nada.
A filha tinha ido passar um fim-de-semana com colegas de faculdade em Aiana, perto da praia do Meco (concelho de Sesimbra). Era uma reunião dos responsáveis da comissão de praxes da Universidade Lusófona de Lisboa. Catarina Soares era a responsável pelas praxes do seu curso, Turismo. Havia mais cinco jovens de outras licenciaturas, e o "dux", o chefe máximo da praxe na instituição e o único que sobreviveu. A única coisa que a filha lhes disse era que iam planear as praxes do ano lectivo de 2014 e eles nada mais perguntaram. Estavam habituados a vê-la sair de traje académico, era o pai que lhe fazia o nó da gravata. Levou um pacote de massa como contribuição para o jantar. Ainda falaram ao telefone por volta das nove da noite desse dia sobre a máquina de fazer massa que a família tinha acabado de comprar, com que iam fazer a massa das filhós para o Nata. Catarina queria saber se tinha valido a pena a compra. Viria almoçar a casa no dia seguinte. Cozido à portuguesa, o seu prato preferido.
Mal viram o rodapé a passar em fundo ligaram-lhe para o telemóvel, chamou, era bom sinal, devia estar ainda a dormir. Ligaram para o namorado que era colega de faculdade e a tinha ido levar à casa, para tentar saber mais. Mas, conduzidos pela dúvida, saíram de casa os três, pai, mãe e o irmão mais velho, pela faixa da esquerda, os quatro piscas ligados, até que, já próximos do Meco, o pai encostou o carro e percebeu que não sabia para onde ir, o que fazer a seguir.
Foi naquele pedaço de berma da estrada, à direita de quem entra em Alfarim, junto à bomba de gasolina, que soube. Um telefonema do namorado, a chorar, confirmou-lhes que Catarina era uma das “desaparecidas”.
Houve um casal que os viu e lhes disse: “Não sabemos o que passa, mas os senhores estão a precisar de ajuda.” Foi a senhora quem se sentou ao volante do carro da família e os conduziu à praia. Não sabe como se chama “o casal de bons samaritanos”, sabe que levavam um cão de raça labrador. Querem que este texto seja escrito também porque querem agradecer ao que chamam “as pessoas certas na hora errada”, uma cadeia de "conhecidos e desconhecidos, que se foram atravessando no [seu] caminho”, desde que a filha de 22 anos foi levada pelo mar da praia do Meco faz esta quarta-feira um mês, incluindo os oito dias que demorou o mar a devolver-lhes o corpo.
Conduzidos pela senhora cujo nome nunca souberam, foram os primeiros a chegar a um sítio que estava à espera deles. Havia ambulâncias dos bombeiros e do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e uma enorme tenda branca vazia montada para os receber a eles e aos que a seguir viriam. Nunca esquecerão a psicóloga do INEM que os recebeu e lhes “compreendeu a dor”, “a dra. Lena”, não sabem o seu nome completo. Continua até hoje a mandar-lhes sms para saber como estão, ela que depois teve de dividir a sua atenção por tantos, quantos os familiares que foram chegando à tenda onde eles não conseguiram permanecer. “Era sufocante”, a dor que ia avolumando, “os gritos”. Fernanda Cristóvão preferiu passar os dias de espera dentro do carro, rodeada dos amigos da escola secundária onde dá aulas de Economia, a Augusto Cabrita, no Barreiro, que se revezaram para lhe fazer companhia.
Junto ao mar durante oito dias
Já António nunca conseguiu estar longe do mar durante aqueles oito dias. Tinha um amigo que ia buscá-lo todos os dias a casa, no Barreiro, mal o sol nascia, que o levava ao Meco, e que o ia devolver a casa depois de o sol se pôr porque à noite nada se vê. Agradece ao senhor do parque de estacionamento pago da praia que todos os dias lhes abria a cancela, à senhora do restaurante junto ao areal onde nunca comeram, mas que sempre os convidou a abrigarem-se quando estava frio.Não se lembra da maioria das respostas às perguntas decerto “ignorantes” que foi fazendo aos responsáveis das autoridades marítimas quando andava no areal durante aqueles dias em que se alimentava de barritas de chocolate. “O vento está de oeste, vai trazer o corpo?” Ou então, a cada vez que mudava a maré, se aumentavam a probabilidades de vir dar à costa. “Naquelas circunstâncias tornamo-nos chatos.” Por isso, quer assinalar a forma serena e calma com que estiveram sempre prontos a responder-lhe, às vezes pontuando o discurso com um “há uma forte probabilidade de o corpo da sua filha nunca aparecer”, como ouviu do capitão da capitania do Porto de Setúbal, Lopes da Costa, ou então do comandante da capitania do Porto de Sesimbra. António Soares continuou os dias atento às gaivotas que pousavam em terra e a pedaços de negro que podiam ser do traje académico que a filha e os colegas tinham vestidos.
De tanto perguntar explicaram-lhe que nas primeiras horas os corpos flutuam e, por isso, é quando as buscas devem ser mais intensas, depois afundam-se, depois libertam gases e vêm de novo ao de cima. “Eu queria saber tudo, aprendi tudo naqueles dias.” Ouviu pescadores que se abeiravam dele e que lhe contaram que “o mar às vezes tem dores, às vezes tudo leva”.
Num desses dias, agradece ao amigo que esteve sempre com ele e que, a dada altura, o convidou a saírem do sítio onde estavam sem explicar muito bem porquê. Estava a desviá-lo de uma ambulância que ali vinha recolher o corpo de um dos jovens que tinham dado à costa. A filha tinha sido encontrada do mar nesse mesmo dia a 3,2 quilómetros da costa, mas ele ainda não sabia que era ela.
Estava irreconhecível e António agradece a outro amigo que o ajudou a escrever numa folha A4 todos os traços físicos da filha, como pediu o médico legista. Fernanda Cristóvão refere a médica dentista que fez 30 quilómetros em véspera de Natal para ir buscar as fichas dentárias da filha que os pais entregaram ao Gabinete Médico Legal do Hospital de Setúbal. Lembram o técnico da Polícia Judiciária que foi ao funeral e lhes disse que a equipa trabalhou na véspera de Natal para reconhecer todos os corpos e que a identificação do corpo de Catarina foi confirmada por impressão digital. António Soares é agnóstico, mas acredita que os mortos se visitam nos cemitérios, precisava do corpo da filha.
Catarina já não existe
Nos dias seguintes ao seu funeral foram à sua universidade, foram ao hotel de luxo onde ela estava a estagiar. E essa é outras das razões por que querem que se escreva este texto. Catarina Soares já não existe, mas sentiram que no sítio onde estava a estagiar é como se ela nunca tivesse existido. O que presenciavam que é todos os dias se levantava às 6h30 para estar em Lisboa às 8h e sair às 16h e que no final de estágio iria receber uma remuneração simbólica que a ajudaria a comprar um iphone; à noite estava a acabar as últimas cadeiras da licenciatura em Turismo. Queriam receber o que lhe era devido e doar o dinheiro a uma instituição, mas era como se Catarina fosse "invisível, não havia uma ficha com os dados dela, não tinham a morada dela”. Querem que a morte da filha sirva “pelo menos de alerta contra os estágios não remunerados que supostamente dão experiência e currículo, mas que mais não são do que trabalho escravo”. Custa-lhes saber que a filha ia trabalhar no dia de Natal porque o chefe lhe tinha dito “que é nesse dia que se ganha mais”, quando nunca tiveram intenção de lhe pagar.Com dois filhos, a Catarina de 22 anos, o irmão de 25, qual é o grande medo de qualquer pai nestas idades? “Que morram num acidente carro”, responde Fernanda Cristóvão. Nenhum pai pensa que um filho vai morrer assim. Mais ainda quando a filha não era sequer afoita no mar, na casa que têm no Algarve, bastava estar mais bravo para ela se manter afastada, e as ondas do Algarve são o que são, pequenas e mansas. “Nunca me passaria pela cabeça perder assim um filho, levado por uma onda…”, diz a mãe.
É quase tudo o que sabem, que foi o mar que a levou, que os sete jovens fizeram sete quilómetros a pé da casa onde estavam até à praia vestidos de traje académico, que pararam num café onde quatro deles beberam bicas. Tudo o resto está envolto em dúvidas. “Não sabemos o que é que se passou na praia, por que é que sobrou um e morreram seis.” Afinal, como é que foi dado o alerta: a partir de uma cabine telefónica ou através do telemóvel do sobrevivente? Porque é que decidiram fazer aquela distância a pé? Porque é que estavam de madrugada na praia? Afinal, qual é verdade? Estavam sentados na areia ou estavam no mar e porquê?
Tal como acontece em todos os óbitos cujas causas são desconhecidas, o Ministério Público ordenou que fosse aberto um inquérito para averiguar a causa das mortes. "Não existem, por enquanto, quaisquer elementos que indiciem a prática de crime. O Ministério Público ordenou a inquirição, na qualidade de testemunha, do sobrevivente, que vai ser feita pela Polícia Marítima de Setúbal em data a determinar", refere a assessoria de imprensa da Procuradoria-Geral da República em resposta ao PÚBLICO.
António Soares só quer que a Justiça faça o seu trabalho, que avalie se foi "um acidente natural" ou não. “Tenho de saber tudo o que se passou desde que ela saiu de casa. Cada um tem a sua teoria da conspiração, eu tenho a minha, não quero especular.” Talvez saber o que aconteceu ajude. António Soares deixou de conseguir ir pensar para a beira-rio, como sempre fez, Fernanda Cristóvão deixou de conseguir comer peixe. Tudo lembra o mar."
Daquelas palavras que nos trazem lágrimas. Dor. E silêncio.
A lei da vida é um pai não ver morrer um filho, mas quem disse que a vida segue leis?
Não só é difícil acordar e não te ter a meu lado como, mais difícil ainda é, aperceber-me que nem sequer fazes parte da minha vida.
O assunto pode não ser falado, mas está aqui.
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